“Provocar a Paisagem”: Três instalações artísticas em diálogo com o território e a paisagem
O que é a paisagem? A paisagem é a Natureza ou pode o Homem construir paisagem? A paisagem é memória? É o observador que constrói a paisagem?
Já são conhecidos os artistas selecionados para a Open Call “Provocar a Paisagem”, dirigida à área da ilustração, no âmbito do projeto “Descobrir e Experienciar Novos Territórios”, uma candidatura da Programação Cultural em Rede, liderada pelo Município de Estarreja, tendo como parceiros os municípios de Aveiro e Covilhã.
Fernando Aranda, Mário Afonso e Marzia Bruno são os selecionados desta convocatória artística, na qual vão desenvolver um diálogo artístico sobre territórios que não são os seus. Nas palavras da curadora desta ação, Rachel Caiano, “interessa pensar os conceitos de território, paisagem, natureza e qual a relação do Homem com o lugar e trabalhar esses conceitos na prática artística”.
A curadora avança que os artistas selecionados já começaram o seu trabalho de investigação e pesquisa, “fazendo visitas conjuntas aos três territórios e trazendo para o processo criativo esse diálogo e confronto entre os diferentes espaços, o corpo e o tempo”. Essa presença do corpo nos espaços a trabalhar, “iluminaram” alguns conceitos que interessa desenvolver: o cima, o baixo, o alto, o longe, o caminho, os materiais, as texturas, o som, a água, a linha, a fronteira, o caminho, a luz, a memória. A paisagem precisa do corpo para ser sentida, dos olhos para ser vista e da cabeça para ser pensada”, explicou.
A visão dos criadores
A artista Marzia Bruno, residente em Aveiro, conta que, após a visita de campo à Covilhã onde fará a sua intervenção, de imediato surgiu o pensamento de “idealizar conceitualmente as primeiras sensações de um território completamente oposto ao de Aveiro.”
“A presença imponente da montanha, as altitudes, as subidas, as descidas, os caminhos, os trilhos, as margens, a vegetação típica que desenha as características do território são os elementos que ficaram retidos após a vivência do lugar, são estes as sensações que fundamentam e as que geram o input inicial da intervenção artística”, descreveu.
“É a partir de um conjunto de ilustrações, apresentadas em cianotipia, que procuro, elaborar uma construção que provoque uma transformação no olhar do espectador e apresentar em simultâneo espaço flutuante dirigido por imagens estáticas.” É assim que Mário Afonso, residente em Estarreja e selecionado para a intervenção no município de Aveiro, diz-nos que o seu projeto “dirige-nos para uma relação com o tema memórias, isto devido à estética visual que este processo de construção provoca.”
Residente na Covilhã, Fernando Aranda é o artista designado para a intervenção no município de Estarreja. A partir da visita que efetuou ao território, disse que interessa “recuperar certos momentos e elementos, particularmente a caminhada na paisagem do BioRia e texturas de muros das ruas da cidade. A instalação artística realiza um objeto-imagem que fusiona as experiências da paisagem natural do BioRia com a deambulação na cidade assimilando diferentes texturas dos muros, onde finalmente também se colocará em jogo a transição e o diálogo entre imagem bidimensional e objeto tridimensional.”
Instalações artísticas em itinerância até setembro
Os projetos vencedores serão apresentados, de forma respetiva e individual, em cada um dos municípios participantes no mês de julho. Após essa apresentação, as três instalações farão itinerância conjunta pelos três territórios – julho, em Aveiro; agosto, na Covilhã; e setembro, em Estarreja. As datas serão anunciadas oportunamente.
A convocatória aos artistas residentes em qualquer um dos Municípios da CIM Região de Aveiro e da CIM Beiras e Serra da Estrela, com formação e/ou experiência na área da ilustração, teve o objetivo de desenvolver um programa de instalações artísticas, na área da ilustração. O desafio consistia em criar obras em diálogo/confronto com o território e a paisagem, que transmitam o espírito do lugar, as vivências da relação do Homem com a Natureza, numa simbiose da qual a imperfeição da sua relação pode ser alvo de pensamento e reflexão.
Esta iniciativa surge no âmbito do projeto “Descobrir e Experienciar Novos Territórios: Estarreja/Aveiro/Covilhã”, uma candidatura à Programação Cultural em Rede, liderada pelo Município de Estarreja e financiada a 100% pelo Programa Operacional Regional do Centro 2020, tendo como parceiros os municípios de Aveiro e Covilhã.