Qualidade do Ar em Estarreja: melhorou de forma significativa nos últimos 17 anos

quinta, 14 de abril 2022


No Dia Nacional do Ar, 12 de abril, o Município de Estarreja promoveu a conferência “Estarreja e o Ar – Avaliar e Interpretar”. Ao longo dos últimos 17 anos, há “uma alteração significativa” na melhoria da qualidade do ar em Estarreja, de acordo com estudos realizados pela Universidade de Aveiro.

Myriam Lopes, investigadora do Departamento de Ambiente da Universidade de Aveiro, apresentou o estudo “Melhor Ar no Centro 2005-2018” onde são analisados os parâmetros de PM10 e de Ozono nas estações de medição da qualidade do ar da região Centro. Não só tem havido uma “diminuição nas concentrações”, como “é consistente esta tendência de diminuição. A qualidade do ar tem vindo a melhorar na região”, havendo “pontualmente algumas excedências”, em Aveiro e Estarreja.

Em Estarreja, foi apresentada uma análise mais alargada, de 2005 até 2022 e que incluiu outro parâmetro, as partículas PM 2,5, as mais preocupantes para a saúde pública. A tendência mantém-se. “Ao longo do tempo têm vindo a diminuir as concentrações de PM10 e PM 2,5”. Myriam Lopes especificou “um decréscimo de cerca de 1 micrograma por ano das partículas PM10 e PM 2,5, entre 2005 e 2022”, levando a especialista salientar que “a qualidade do ar tem vindo a melhorar” em Estarreja. 

O que contribuiu para esta evolução positiva? O “clima mudou, mas também o controlo e a aplicação da legislação” sobre as fontes de poluição. “Tem havido um esforço muito grande das instituições públicas e ao nível dos setores de atividade (automóvel e industrial)” para diminuir as emissões de poluentes.

Os fenómenos de poluição resultam de uma confluência de fatores. Uns estão associados a fontes de origem natural (transporte de poeiras do deserto ou incêndios). Outros associados a emissões de fontes antropogénicas (combustão residencial, indústria, tráfego) em períodos frios e secos e atmosfera estável. 

Qualidade no Ar explicada à comunidade estarrejense

A Câmara Municipal de Estarreja mobilizou os diferentes intervenientes - CCDRC - Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, APA - Associação Portuguesa do Ambiente, Universidade de Aveiro, PACOPAR - Painel Consultivo Comunitário do Programa Atuação Responsável de Estarreja-, para um momento de debate sobre a qualidade do ar no concelho.

Na sessão de abertura do evento, Diamantino Sabina, Presidente da Câmara Municipal de Estarreja, salientou que “o Município está atento” e empenhado em “esclarecer o mundo, o país e a comunidade” para um “assunto que não deve ser tratado com leviandade”. Por esse motivo esta conferência reuniu “as autoridades que sabem qual o estado real da situação em Estarreja”.

O autarca lembrou que em Estarreja, devido à existência do complexo químico, “a monitorização é constante e há estudos que não têm termos de comparação”. Além do mais a estação de medição de Estarreja avalia parâmetros que outras estações não medem, como as partículas PM 2,5 que são objeto de medição em apenas 23 estações do país num total de 69.

Qualidade do Ar não é só um problema ambiental

Nuno Lacasta, Presidente do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), alertou para um problema que ultrapassa o ambiente. “Por ano, cerca de 300 mil pessoas na Europa morrem prematuramente em resultado de doenças respiratórias, que, por sua vez, resultam de problemas de qualidade do ar. Em Portugal são estimados 6 mil. Temos objetivamente um problema de saúde pública.” Contudo, o Presidente ressalva que isto não significa que genericamente tenhamos uma má qualidade do ar. Temos sim situações pontuais no país, a serem vistas com atenção.” A monitorização e os números não mentem. “Somos um país com qualidade de ar boa ou muito boa.”

Acelerar a preferência por veículos elétricos e híbridos e a descarbonização da indústria são a chave para a redução das emissões poluentes nos centros urbanos e, consequentemente, para a melhoria da qualidade do ar, elucidou Nuno Lacasta.

Ana Morais, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), esclareceu que “Portugal dispõe de uma rede de nacional de monitorização da qualidade do ar ambiente, que integra várias redes regionais, nomeadamente a rede da região Centro, gerida pela entidade.”

A CCDR tem de assegurar a rastreabilidade de todas as medições e a manutenção regular dos equipamentos de medição (analisadores e calibradores), de forma a garantir em contínuo a sua exatidão, explicou. A aposta é na “qualidade dos dados”, para que estes sejam “rigorosos, confiáveis e comparáveis”.

Indústrias químicas com olhos no futuro e na sustentabilidade

Luís Delgado, do Conselho de Administração e Comissão Executiva da Bondalti Chemicals, em representação do PACOPAR – Painel Consultivo Comunitário do Programa Atuação Responsável de Estarreja, anunciou que as empresas do Complexo Químico continuarão a trabalhar para informar, apoiar e desenvolver atividades com a comunidade, dando destaque a um estudo sobre a qualidade do ar em Estarreja, que será desenvolvido com a Universidade da Aveiro, que clarifique os vários impactos da indústria e determine as áreas que podem ser melhoradas, além das que já estão a ser desenvolvidas.

Assegurou ainda que as principais empresas do complexo químico, o terceiro mais importante do País, têm um compromisso claro com o futuro com objetivos claros e ambiciosos, que tornarão este complexo “uma referência internacional em práticas sustentáveis”, o que será, também, “uma vantagem competitiva”.