Estarreja encerra o passivo ambiental histórico

segunda, 22 de novembro 2021


Estarreja viveu um dia histórico ao assinalar a conclusão do projeto ERASE, de descontaminação dos solos envolventes ao Complexo Químico. Depois do confinamento dos resíduos industriais perigosos em 2005, a missão do ERASE ficou finalmente cumprida com a intervenção de remediação ambiental de vala hidráulica de S. Filipe, em Beduído.

Esta segunda fase do projeto ERASE implicou a remoção de solos contaminados numa extensão de 2,7 km da vala de S. Filipe e o seu total empedramento, com barreiras de contenção em troncos de madeira e, ainda, a remoção e reposição de novas terras nas faixas laterais dos prédios rústicos que a marginam, desde a zona do Complexo Químico de Estarreja (CQE) até à zona da Póvoa.

A empreitada decorreu entre abril a setembro deste ano, cumprindo o prazo de execução de cinco meses. Com um valor contratual de 5.675.604,88 euros, a empreitada terá um apoio financeiro integral do Fundo de Coesão da União Europeia, através do POSEUR.

Na sessão que decorreu na manhã da passada quinta-feira, 18 de novembro, na Biblioteca Municipal, o Presidente da Câmara Municipal de Estarreja, e por inerência presidente do ERASE – Agrupamento para a Regeneração Ambiental dos Solos de Estarreja, A.C.E., Diamantino Sabina, mostrou-se muito satisfeito com a concretização desta operação que resolve um passivo ambiental histórico relacionado com os resíduos industriais depositados há décadas atrás no CQE. A reabilitação da vala era “extremamente necessária para Estarreja que assim se regenera, ao serem extraídas as terras contaminadas”.

Salientou, no entanto, o “amargo de boca” pelos 16 anos perdidos, uma vez que esta intervenção poderia ter sido uma realidade em 2005, o que não aconteceu devido à “inoperacionalidade e incapacidade das entidades competentes”, desabafou o autarca, lamentando e lançando críticas à “burocracia, ao sistema e até à má vontade”. Com a “ameaça de se perder o financiamento, conseguiu-se há cerca de dois anos desenlaçar o processo”, pelo então Secretário de Estado do Ambiente, João Ataíde, a quem Diamantino Sabina prestou homenagem póstuma.  

Diogo Almeida Santos, vogal do Conselho de Administração da ERASE, fez um enquadramento do projeto ERASE, iniciado em 1998 e pioneiro nessa altura, que nasceu com o objetivo de reduzir o passivo ambiental, suspendendo a contaminação dos solos e águas subterrâneas (resultante do processo de lixiviação) e recuperando ambientalmente as zonas envolventes.

Na primeira fase do projeto, foi construída a Estrutura de Confinamento dos resíduos industriais perigosos, com um investimento de 4,6 M€ e um cofinanciamento do POA de 2,3M€, e onde foram depositadas 300 mil toneladas de resíduos.