Música e poesia portuguesa em destaque no CTE

Este fim de semana, o Cine-Teatro de Estarreja (CTE) recebe nomes maiores da música e do teatro nacional. O concerto de despedida da mítica banda portuguesa, os Dead Combo, é já esta sexta-feira, dia 7. Pedro Lamares e Lúcia Moniz apresentam no sábado, dia 8, o espetáculo de teatro/poesia “Para Atravessar Contigo o Deserto do Mundo”.

quinta, 06 de fevereiro 2020


O final da história dos DEAD COMBO

É a digressão de despedida. E talvez a última oportunidade de os ver ao vivo. Dead Combo decidiram acabar, mas acabar em grande. Com concerto marcado para o dia 7 de fevereiro, sexta-feira, às 21h30, no palco do CTE, Tó Trips e Pedro Gonçalves garantem revisitar a história de uma carreira com mais de 16 anos. Não é um final triste, porque há muita coisa para ser celebrada. De uma forma concreta, acabam como começaram: os dois. Voltam aos palcos com uma tour, num passeio pelos seis álbuns de originais (10 discos no total), e várias centenas de concertos por Portugal e pelo estrangeiro. 

A dupla nasceu em 2003 na sequência de um convite do radialista Henrique Amaro (Antena 3) para comporem e gravarem a canção “Paredes Ambience”, incluída no disco de homenagem a Carlos Paredes “Movimentos Perpétuos – Música para Carlos Paredes”.

Entre os álbuns dos Dead Combo contam-se “A Bunch of Meninos”, “Lisboa Mulata” e Odeon Hotel. Este último e sexto álbum de originais, pela primeira vez na história da banda, foi editado em todo o mundo, com o selo de uma das maiores editoras internacionais, a Sony Music.

Este último disco, foi considerado um dos melhores discos de 2018, pela generalidade da imprensa e da critica especializada.

Teatro e poesia para homenagear dois grandes poetas portugueses

“Para Atravessar Contigo o Deserto do Mundo” é um espetáculo de teatro/poesia que junta em palco Pedro Lamares e Lúcia Moniz, no sábado, dia 8, à 21h30, para celebrar a amizade entre Sophia de Mello Breyner Andresen e Jorge de Sena, dois dos escritores mais relevantes da literatura portuguesa. 

Juntos, em separado, atravessaram o deserto de um país em ditadura. Sena exilou-se, Sophia ficou. Desse afastamento físico resulta a literatura epistolar da sua correspondência. Muito além da direta, há uma profunda correspondência de propósitos. A luta pela liberdade, pela ação, pela palavra. A Sophia é doce, mas não perdoa. Exige a verdade por inteiro para não habitar meio quarto. O Sena é duro e não perdoa. Lembra-nos os que foram estripados, esfolados, queimados, gaseados, e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido. Juntos, colocam-nos num lugar onde somos chamados a decidir, a questionar. Um lugar onde a indiferença se mostra imperdoável.

Esta peça é um exercício de intertexto. Intertexto entre dois poetas, entre dois atores, intertexto de afetos e uma luta comum, entre o mundo que temos e o que queremos.