CPCJ de Estarreja quer mais proteção para crianças e jovens sujeitas a situações de violência e absentismo escolar
As situações de perigo que colocam em causa o bem-estar, o desenvolvimento e o direito à educação das crianças e jovens são as principais preocupações da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Estarreja. “Ver por Dentro…” foi o mote para o I Encontro da CPCJ de Estarreja que decorreu no dia 25 de outubro, na Biblioteca Municipal.
As problemáticas que colocam em causa o direito à educação, as mais comuns e que mais prevalecem no concelho, segundo o Relatório de Atividades de 2018, são a violência doméstica e o absentismo escolar. E foi a partir desta avaliação, com particular e maior enfoque no absentismo escolar, que nasceu esta iniciativa que reuniu psicólogos, docentes, investigadores, pediatras e enfermeiros, e mais de 80 pais, professores e técnicos participantes com apenas um objetivo: “temos que estar “por dentro” das situações para melhor compreender, melhor saber lidar com elas e perceber qual ou quais os impactos das perturbações do desenvolvimento e comportamento no sucesso escolar”, referiu Isabel Simões Pinto, presidente da CPCJ de Estarreja.
Considera ainda que todos os cidadãos têm a obrigação de prevenir situações de perigo ou de risco que coloquem em causa o bom desenvolvimento das crianças e jovens. Na sessão de abertura salientou a importância do trabalho desenvolvido por toda a Comissão Alargada (composta por entidades com competência em matéria de infância e juventude, designadamente na área da saúde, da educação, da segurança, do associativismo, entre outras, e por cidadãos indicados pela Assembleia Municipal. “Se todos trabalharmos em prol da prevenção, estaremos a fazer com que tenhamos futuramente adultos melhor preparados e mais capazes de enfrentarem os desafios do mundo atual”, frisou Isabel Simões Pinto.
Seis painéis de discussão para falar das questões que podem afetar o desenvolvimento global das crianças e dos jovens
No painel “Sinto-me Triste na Idade da Alegria”, Ivo Pinto, Psicólogo Clínico - PIN - Progresso Infantil, falou das mudanças físicas e emocionais, pressão entre pares ou medo de não corresponder às expectativas dos pais são acontecimentos e sentimentos habituais durante a adolescência, mas o impacto poderá ser maior em alguns jovens e os sentimentos de tristeza e a perda de interesse por quase tudo começam a persistir.
Luís Mesquita, Diretor da Escola de Segunda Oportunidade, apresentou o projeto “Escola de Segunda Oportunidade”. Esta escola de Matosinhos (E2OM) nasceu da necessidade de acrescentar ao sistema educativo uma resposta específica ao problema persistente do abandono escolar e das baixas qualificações dos jovens. Ainda durante a manhã, no painel “Dependência Online – O Poder das Tecnologias” a oradora Ivone Patrão, Psicóloga Clínica, Docente e Investigadora do ISPA e colaboradora do Núcleo de Utilização Problemática da Internet do Hospital Santa Maria, abordou a questões relacionadas com o mundo digital.
O painel “Dislexia e Hiperatividade”, com a intervenção do neuro pediatra, Luís Borges levantou diversas questões ligadas às estratégias para lidar com crianças e jovens com dislexia, hiperatividade e défice de atenção. Como a hipnoterapia pode ajudar os mais pequenos a enfrentar os desafios do presente com maior segurança e determinação foi o tema lançado por Cristina Infante Borges, Master e Doutorada em Hipnose Clínica pela Asociación Internacional de Hipnosis Clínica y Experimental.
O debate foi ainda marcado pela apresentação do programa “EDUC@REGIÃO AVEIRO” - Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar por Rosa Tomás, Coordenadora de projetos na CIRA – Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro.
Para Diamantino Sabina, Presidente da Câmara Municipal de Estarreja, é essencial discutir este conjunto de temáticas com a comunidade, porque “nos ajudam a aprender como lidar com as nossas crianças e jovens". O autarca expressou ainda, enquanto pai, as dúvidas que sente “estou sempre a questionar-me sobre a educação dos meus filhos. Será que agi bem? Fui demasiado ríspido? Quantas horas por dia os posso deixar jogar ou estarem a navegar na internet?”