Jovens “guardiões da floresta” ocupam as férias a cuidar da floresta

É fulcral memorizar um número: 50 toneladas. Esta foi a quantidade de lixo recolhida desde do lançamento deste programa em 2006.  Agosto é sinónimo de férias escolares, mas não para todos os estudantes. Há um grupo de irredutíveis alunos que estão a cuidar de um bem comum: a floresta. A trabalhar ao lado de engenheiros, de militares da GNR e de bombeiros, os jovens participantes vigiam, protegem e cuidam da floresta no âmbito do projeto “Juntos pela floresta, todos contra o fogo no concelho de Estarreja”.

quarta, 22 de agosto 2018


É preciso mudar comportamentos e hábitos!

Já passou mais de um ano dos incêndios trágicos que assolaram o país. Há imagens e relatos que nunca mais esqueceremos. Há uma memória que não se apaga. Há acontecimentos que mudaram pensamentos e atitudes. E há jovens que agora querem contribuir para que os erros do passado não se repitam. Miguel Borges, de 20 anos, conta que “fiquei sensibilizado com os incêndios que devastaram o país no ano passado e, por isso, decidi integrar esta iniciativa ajudando os bombeiros que se sacrificam por nós”.

O grupo de “guardiões” da floresta partilha a mesma opinião: “a responsabilidade é de todos”. Ana Botelho, Mariana Valente e Jéssica Resende, também com 20 anos, ficaram chocadas com o facto de terem encontrado trilhos com bastante lixo que tinham limpado há poucos dias. “As pessoas têm de mudar comportamentos. Não é concebível que continuem a atirar garrafas e papéis pela janela do carro”, desabafa uma das voluntárias.

Com uma visão mais otimista e com várias participações, Joel Marques e Diogo Fonseca, de 17 e 24 anos respetivamente, constataram que “este ano há menos lixo, mas continua a ser uma situação preocupante e dramática, porque as pessoas não aprendem com os erros do passado.

Marisa Machado, coordenadora do projeto, destaca a importância da participação, do trabalho e da dedicação destes jovens. “Eles são importantes para a floresta, porque eles são os olhos deste pulmão do concelho: eles vigiam, alertam as autoridades de proteção civil e colaboram com elas em zonas seguras em caso de incêndio, participam em ações de sensibilização junto da população e ajudam a recolher os resíduos e georreferenciam lixeiras”.

Várias entidades, um objetivo comum

Este programa é promovido pela Câmara Municipal com o apoio da GNR e Bombeiros Voluntários de Estarreja. João Alegria, vereador da Proteção Civil e Florestas, fala da iniciativa que está integrada “nas medidas do plano municipal de defesa da floresta e da prevenção dos fogos florestais. Através da vigilância móvel, da recolha de lixo em áreas florestais e na sensibilização à população, estes jovens estarrejenses dão um exemplo de cidadania ativa que devia ser seguido por todos.

Este trabalho de equipa e a integração de jovens nestas ações é uma mais-valia para o concelho nomeadamente no âmbito da sensibilização, da vigilância e da recolha de resíduos que outros intervenientes abandonam no meio ambiente”, refere o Primeiro Sargento Gonçalves chefe do Núcleo de Proteção Ambiental NPA.

Há medidas preventivas que todos os cidadãos devem ter em conta para reduzir o risco de incêndio durante o período crítico. Luís Pinho, bombeiro local, deixa um alerta. “A população deve abster-se de fazer queimadas, fogueira, churrascos em locais que não estejam devidamente autorizados e os condutores não devem atirar pela janela a ponta do cigarro e, se possível, limpar os terrenos junto às casas”. Durante esta experiência, os jovens voluntários ainda tiveram oportunidade de assistir a uma demonstração com a corporação sobre o equipamento que é usado no combate aos incêndios: florestal e sapador. 

O projeto foi criado em 2006 e contou com mais de 298 participantes, mais de 50 toneladas de lixo recolhido, centenas de caminhos inventariados e caracterizados, e dezenas de lixeiras clandestinas georreferenciadas.