Um estaleiro montado no Palco

A Companhia UmPor1 traz “Plaina” ao Cine-Teatro de Estarreja num espetáculo de novo-circo repleto de imprevisibilidade e carga emocional. Jorge Lix é o Diretor Artístico e explica como a tradição deu lugar à tecnologia.

sábado, 05 de maio 2018


“Inspirado na construção naval, Plaina retrata um estaleiro e a natureza à sua volta”. Quem o diz é o Diretor Artístico do espetáculo em exibição no próximo domingo, no palco do CTE.

 

“Pretendemos retratar um cenário seco e inóspito, transportando o espectador para uma sociedade híbrida, que vive tanto do mar como da terra”. Jorge Lix explica que este espetáculo funciona como uma homenagem àqueles que trabalharam durante uma vida junto a um espaço tão peculiar como é a Ria.

 

“Fizemos algumas visitas técnicas e falámos com algumas pessoas de Pardilhó, de Estarreja e da Murtosa. Investigámos bastante de forma a contextualizar o nosso trabalho. O objetivo é abordar uma arte passada, que se esvaneceu com o tempo”, acrescenta Jorge Lix. “Quisemos pegar na sensação do vazio, e daquilo que se perdeu, devido à evolução tecnológica”, remata.

 

Uma “encomenda” do Município

 

Plaina é uma criação artística desenhada especificamente para Estarreja, resultante de uma encomenda do Município. O desafio lançado à Companhia UmPor1 assentou essencialmente na descoberta de pontos de contacto entre a Construção Naval e as Artes Circenses, trazendo para o palco as vivências de um povo e de uma região.

 

Como refere a Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Estarreja, Isabel Simões Pinto, “a construção naval, a ria, os esteiros e toda a dinâmica social e económica associada integram a identidade cultural no nosso território que importa preservar e potenciar. Este projeto, ancorado nos recursos patrimoniais do concelho, pretende também fomentar a discussão pública à volta de uma arte ancestral, como é a Construção Naval, colocando a cultura e o património cultural ao serviço da competitividade territorial e da atratividade turística.”

 

Novo-circo para retratar uma realidade antiga

 

Roldanas, cordas, redes, pedaços de barcos e contra pesos aéreos. A Companhia Umpor1 recorre às mais diversas técnicas para retratar um estaleiro, cada vez mais abandonado, onde a tradição deu lugar à tecnologia.

 

O mastro chinês, a corda bamba, a corda vertical, o equilíbrio e o malabarismo são algumas das atividades que podemos encontrar neste espetáculo.

 

Este evento terá lugar no domingo, dia 6 de maio, pelas 17h00, no CTE e está inserido na Programação Cultural em Rede da Região de Aveiro, onde no caso particular de Estarreja o enfoque vai precisamente para a construção naval tradicional. 4 Mãos, esta sexta-feira, e Celina da Piedade, amanhã à noite, são os restantes espetáculos que colocam Estarreja no mapa da Agenda Cultural em Rede e terão lugar no CTE.