Dar competências para oferecer sorrisos
O Banco Local de Voluntariado de Estarreja está pronto para abraçar novos projetos. São 20 inscritos com vontade e entusiasmo para “responder às necessidades e às pessoas”.
A primeira formação aos novos voluntários do Banco Local de Voluntariado de Estarreja (BLVE) decorreu no passado dia 5 de março, no auditório da Biblioteca Municipal, e foi dinamizada por Elisa Borges, do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado (CNPV). No total, são 20 inscritos na bolsa, dos quais 14 se estreiam no trabalho voluntário.
Durante 7 horas de formação, Elisa Borges partilhou com os voluntários do BLVE conceitos teórico-práticos da atividade de voluntariado, iniciando com uma contextualização histórica que atravessou a organização dos povos ao longo dos séculos. Esta formação pretende oferecer aos voluntários “instrumentos que lhes permita exercer a atividade corretamente e competências na área pessoal e organizacional”, explicou a conselheira do CNPV.
Apesar de todos os conceitos transmitidos, Elisa Borges acredita que um bom voluntário “é aquele que faz o melhor que sabe, da melhor forma que pode, para que as pessoas beneficiem o melhor possível.”
As inscrições no BLVE podem ser realizadas em qualquer altura para o e-mail blve@cm-estarreja.pt. O Município de Estarreja, associando-se ao programa nacional de voluntariado organizado, promovido pelo CNPV, coordena toda a atividade do BLVE, garantindo o seu funcionamento. O BLVE foi apresentado publicamente em outubro de 2014 e, além de concentrar a procura e oferta de voluntários numa única bolsa, tem por objetivo promover, valorizar e qualificar o voluntariado no concelho. O BLVE funciona na Divisão de Educação, Cultura e Coesão Social, na Casa Municipal da Cultura, e destina-se a voluntários, com ou sem experiência, e a instituições interessadas em desenvolver projetos de voluntariado.
“Uma coisa é ser voluntário, outra é ser solidário”
Noções como esta ficaram na memória de Carla, de 41 anos, à saída da formação inicial para voluntários. A estarrejense viu no BLVE uma oportunidade para alimentar o “impulso” de ser voluntária. Apesar de nunca ter exercido a atividade, Carla, com “pouquíssimo tempo livre” (já que acumula funções de consultora e docente no ensino superior), quis dar continuidade aos exemplos da sua mãe e transmitir valores aos dois filhos. “A necessidade de ajudarmo-nos uns aos outros é uma mensagem muito importante e que se está a perder na sociedade. Como a meu ver se transmitem melhor as mensagens pelos exemplos, achei que era a altura ideal para começar”, justificou a professora universitária, empolgada com este novo projeto de vida.
Também pela primeira vez num grupo organizado de voluntariado está Rosa. A estarrejense, de 56 anos, teve contacto com ações de voluntariado devido a um problema de saúde: “Tive conhecimento do trabalho de voluntariado no IPO, devido a uma fase complicada da vida”, confidenciou a dona de casa. A admiração que sente pelos voluntários espalhados pelo país faz com que Rosa acredite que, ser voluntário “é uma realização pessoal, uma maneira da pessoa se sentir útil, fazendo alguma coisa pelo próximo e tentando suavizar a dor dos outros.”
O BLVE atua não só no voluntariado caritativo, mas também em áreas como cultura, ambiente, desporto ou património. Saúde, Ação Social e Educação são igualmente áreas de atuação importantes para o BLVE, onde Ilda Manuela se enquadra. Também de Estarreja, Ilda é veterana no que ao voluntariado diz respeito. “Encontrei no voluntariado um prosseguimento da minha carreira”, disse a professora do 1º ciclo do ensino básico. À semelhança da sua atividade profissional, Ilda Manuela trabalhou com crianças em regime de voluntariado. “Criar bons princípios, dar armas psicológicas para resistir às adversidades”, foram máximas que desenvolveu com “crianças com muitas dificuldades socioeconómicas” e que a poderão nortear nos projetos que integrar dentro do BLVE.
O voluntário assume um compromisso
“Só dou aquilo que tenho, ninguém dá o que não tem”. Elisa Borges, do CNPV, sublinhou esta expressão durante a formação dos voluntários do BLVE, no passado dia 5 de março. Para a conselheira, ser voluntário “é uma atividade responsável, não só por quem o faz como por quem o enquadra”. Um desempenho que não é sinónimo de ocupação de tempos livres ou de caridade. “Apesar de ser feita no tempo livre, tem de ser feita com competência e compromisso.” O tempo disponibilizado para a prática de voluntariado “é o tempo que dispomos livremente para ajudar outrem”, alertou Elisa Borges, acrescentando que, apesar da palavra caridade estar implícita na definição de voluntariado, trata-se de “caridade no sentido de dar aquilo que se precisa e não no sentido de dar o que não se precisa.”
A formação direcionada aos voluntários está incluída no programa do BLVE e é continuamente ministrada a todos os inscritos.