Como queremos Estarreja em 2025?
Esta foi a questão à qual 20 individualidades dos diferentes quadrantes sociais e políticos de Estarreja foram desafiadas a responder na sessão "Estarreja 2025".
O Município promoveu a sessão de trabalho “Estarreja 2025”, no auditório da Biblioteca Municipal, onde os presentes deram voz às necessidades do concelho e propuseram projetos a integrar o Plano Estratégico de Desenvolvimento 2025 do Concelho de Estarreja.
A Câmara Municipal de Estarreja (CME) está empenhada na elaboração desse plano, no contexto do quadro comunitário 2014-2020. Presente na sessão de trabalho de partilha de ideias e contributos sobre a visão para Estarreja, que decorreu no dia passado dia 3 de fevereiro, Diamantino Sabina, Presidente do Município, referiu que “Estarreja vai aproveitar-se deste quadro comunitário da melhor forma possível.”
O estudo e elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento 2025 do Concelho de Estarreja foram encomendados à Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI), entidade que também dinamizou a reunião. Será submetido ao Quadro Estratégico Comum (QEC) um plano de nível geral e transversal ao município e também um projeto específico para o Eco Parque Empresarial de Estarreja. “Temos uma expetativa muito alta relativamente ao nosso Eco Parque, mas há infraestruturas que claramente têm que ser financiadas, porque nós sozinhos não o conseguiríamos”, justificou o Presidente da Câmara, que quer ver “mais emprego e muito mais empresas” em Estarreja.
Com o Plano Estratégico de Desenvolvimento, a CME pretende candidatar-se e usufruir de fundos comunitários que ajudem no progresso do concelho, com horizonte no ano 2025. A política comunitária para o período de programação 2014-2020 tem como prioridades o crescimento inteligente, crescimento verde e sustentável e crescimento inclusivo, com alta empregabilidade. Em Portugal, o QEC substitui o QREN e integra os fundos estruturais da União Europeia para o período 2014-2020. Para ter sucesso, o projeto desenhado para Estarreja deverá valorizar as potencialidades e especificidades locais, alinhando-as com as prioridades nacionais e europeias.
A chave está no emprego
No sentido de envolver a comunidade e os vários agentes na construção de um projeto de desenvolvimento sustentável, inteligente e inclusivo que permita ao concelho posicionar-se enquanto território diferenciador e atrativo, o Município e a SPI abriram a sessão de trabalho aos atores da região, para que estes constituam uma força viva e ativa nos processos de decisão estratégica. O emprego, com instalação de mais empresas e valorização do tecido empresarial, foi o setor mais consensual num cenário de captação de fundos comunitários. Do total de 60 propostas de projeto apresentadas pelos participantes da reunião, também o turismo, a educação e a promoção do conhecimento científico através da Casa-Museu Egas Moniz, foram áreas apontadas como fundamentais para o crescimento do município.
Defensor do emprego, José Teixeira Valente, presidente da SEMA, participou ativamente na sessão e considerou que “o Eco Parque Empresarial, a regeneração urbana e o turismo de natureza são três áreas fundamentais e é nessas três áreas que se deve apostar.” Mesmo olhando para o agroturismo como uma oportunidade para o turismo de Estarreja, Regina Bastos, ex-eurodeputada social-democrata, concorda que o emprego é uma via importante: “o nosso Eco Parque deve continuar a aposta de captação de investimentos e manutenção das empresas que já lá estão instaladas, para que haja uma criação de emprego que consiga ser atraente para os habitantes do concelho.” A advogada estarrejense acredita que “políticas amigas das famílias, políticas amigas dos idosos, políticas que ponham em primeiro lugar o cidadão, o munícipe estarrejense, são com certeza uma boa estratégia” para este quadro comunitário.
Rosa Domingues, professora na Escola Secundária de Estarreja, apontou outra necessidade concelhia para captação de investimento. Para a docente, a limpeza das áreas florestais é premente. “Embora nós tenhamos um potencial grande em termos agrícolas e património florestal, atualmente estão muitas áreas abandonadas, cheias de mato.” Na opinião de Rosa Domingues, a solução pode passar pela “criação de empresas que comercializem ou negoceiem a limpeza dos terrenos com reaproveitamento desses resíduos”, resultando positivamente “em termos ambientais e económicos para a riqueza do concelho”.
Futuro promissor
Como estarrejense, Fernando Mendonça, vereador da CME pelo Partido Socialista, deseja que, em 2025, Estarreja apresente “uma nova centralidade urbana, baseada no rio.” O vereador da oposição “gostava de ver uma aposta estruturada no turismo e na agricultura com base nas riquezas do Baixo Vouga, e na resolução dos problemas do Baixo Vouga, e sobretudo uma terra limpa, asseada, de gente qualificada, onde fosse fácil haver uma escolha para se poder viver.” Fernando Mendonça acredita que a capacidade de alcance do horizonte define o futuro: “como não temos castelos, temos que construir os nossos próprios castelos”. Para apoiar no estudo das necessidades do concelho, o antigo líder do PS Estarreja sugeriu à SPI a consulta dos programas eleitorais das últimas autárquicas.
Perante as possibilidades oferecidas por estes fundos europeus, a autarquia está empenhada em continuar a construir um concelho melhor. Consciente de que Estarreja é um município desenvolvido, Diamantino Sabina “gostava de ver outra dinâmica na Casa-Museu Egas Moniz, acrescendo uma unidade museológica interativa à atual, criando-se ainda um polo de estudos científicos ligado às neurociências, gostava de ver um ordenamento urbanístico e arquitetónico mais homogéneo, uma Estarreja ainda mais desenvolvida, mais moderna, mais sustentável em termos ambientais, sociais e económicos.”