Câmara atribui voto de louvor a José Bento
Pardilhoense venceu Prémio de Poesia Luís Miguel Nava 2013
A Câmara Municipal deliberou por unanimidade aprovar um Voto de Louvor e Congratulação a José Bento. O poeta e tradutor natural de Pardilhó foi distinguido com o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava 2013 pelo livro "Sítios", editado pela editora Assírio & Alvim.
A Câmara Municipal deliberou por unanimidade aprovar um Voto de Louvor e Congratulação a José Bento. O poeta e tradutor natural de Pardilhó foi distinguido com o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava 2013 pelo livro "Sítios", editado pela editora Assírio & Alvim.
Refere o Voto de Louvor aprovado na Reunião de Câmara de 9 de janeiro que “José Bento é reconhecidamente um estarrejense que eleva bem alto o nome da terra que o viu nascer”. Tradutor de mérito reconhecido da poesia espanhola clássica e contemporânea, o estarrejense “tem continuado o seu labor de forma discreta e persistente, contribuindo para o enriquecimento cultural dos povos”.
Instituído pela Fundação Luís Miguel Nava desde 1997, o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava, no valor de cinco mil euros, é atribuído com periodicidade bienal. O livro de José Bento foi escolhido por unanimidade pelo júri constituído, como habitualmente, por quatro membros da direção da Fundação - Carlos Mendes de Sousa, Fernando Pinto do Amaral, Gastão Cruz e Luís Quintais - e por um elemento convidado, este ano, o poeta e ensaísta Fernando J. B. Martinho.
Aos 81 anos, o escritor que foi agraciado em 1996 pela Câmara Municipal com a Medalha de Ouro de Mérito, sucede a Hélder Moura Pereira, vencedor do Prémio Luís Miguel Nava em 2011. Entre os anteriores premiados contam-se Sophia de Mello Breyner Andresen, Fernando Echevarría, António Franco Alexandre, Armando Silva Carvalho, Manuel Gusmão, Fernando Guimarães, Manuel António Pina, Luís Quintais, António Ramos Rosa, Pedro Tamen, A. M. Pires Cabral e Helder Moura Pereira.
Poeta e divulgador da Cultura Hispânica
Autor de obras poéticas como “Sequência de Bilbau” (1978), “Rimas” (1994) e “Silabário” (1992), José Bento tem-se distinguido, desde há meio século, na tradução para a língua de Camões dos grandes vultos da literatura espanhola, contribuindo assim para o estreitar dos laços da cultura ibérica.
Traduziu, entre muitos outros autores, Cervantes, Calderon de la Barca, Ortega y Gasset, Luis Cernuda, Angel Crespo, Pablo Neruda, Garcia Lorca, Unamuno, Garcilaso de la Vega; os místicos S. João da Cruz e Santa Teresa de Ávila; sendo ainda autor de coletâneas de poesia espanhola como a Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea.
O prémio agora anunciado junta-se a outras atribuições por Portugal e Espanha, merecendo referência, o Grande Prémio de Tradução 2005 do Pen Clube Português, ex-aequo com Miguel Seixas Pereira, pela tradução de “D. Quixote de La Mancha”, o Hispano-Luso de Tradução concedido pela Junta da Extremadura e Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura, e o do Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura, atribuído pelos Ministérios da Cultura de Portugal e Espanha.
Percurso
José Bento de Almeida e Silva nasceu a 17 de novembro de 1932 na freguesia de Pardilhó. Fez os seus primeiros estudos em Pardilhó continuando no Porto, no Instituto Comercial. Ainda estudante colaborou no jornal "O Concelho de Estarreja" e em algumas revistas literárias de vanguarda.
Em 1963/69 fez parte da redação da revista "O Tempo e Alma". Está representado na "Antologia Portuguesa Contemporânea" organizada por Carlos Wejar. Publicou uma Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea.
Produziu o "Silabário" (1992), que obteve o Prémio de Poesia do Pen Club Português. Em 1990, foi condecorado pelo Rei de Espanha D. Juan Carlos. Em 1992, foi condecorado pelo Presidente da República, Mário Soares.
Em 1996, recebeu a Medalha de Ouro de Mérito Municipal pela Câmara Municipal de Estarreja.
Traduziu o Dom Quixote de la Mancha, organizou e traduziu a Antologia da Poesia Espanhola - das Origens ao Século XIX e Antologia da Poesia Espanhola do Siglo de Oro (Assírio), entre outras obras como as de São João da Cruz (Cântico Espiritual), María Zambrano, María Vitoria Atencia, Juan Jamón Jiménez, Jorge Luis Borges, Federico Garcia Lorca, Pablo Neruda e Calderón de la Barca.
Mais informação http://www.infopedia.pt/$jose-bento
o papel, que a outra vai lavrando,
semeando a palavra e a turbação
no impulso que excede
a força que as unifica e as separa,
sob a luz a prometer que teu ardor
ausculta um chão ávido e volátil.
Tua destra segue o coração, prolonga-o;
a outra, mais perto dele um infindo nada,
nunca se distancia nem alheia
da matéria da fala
que, em tenso adágio ou numa tempestade,
de teu sangue transbordam, incorporam
desejo e posse, ruína e despedida.»