Estarreja vive a sua História
Revista Terras de Antuã nº 7
A ligação à Ria de Aveiro e a construção naval navegam ao longo do volume 7 da Revista Terras de Antuã, servindo de importante veículo de preservação e divulgação do nosso património. Uma herança que as gerações futuras vão seguramente agradecer.
A ligação à Ria de Aveiro e a construção naval navegam ao longo do volume 7 da Revista Terras de Antuã, uma publicação anual lançada pela Câmara Municipal de Estarreja servindo de importante veículo de preservação e divulgação do património estarrejense. Uma herança que as gerações futuras vão seguramente agradecer.
Mais uma vez marcada pela adesão dos estarrejenses, a sessão de lançamento da revista decorreu no último sábado à tarde, dia 16 de novembro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, assinalando igualmente a comemoração do 494º Aniversário da outorga do Foral do Antuã, atribuído por D. Manuel I, em Évora, a 15 de Novembro de 1519.
A sessão foi presidida pelo presidente da Câmara Municipal de Estarreja, Diamantino Sabina, que evidenciou a história autárquica local e o fim de um importante ciclo de Autarcas que deixaram “uma indelével marca de quem dedica horas intermináveis às suas terras”, num singelo tributo aos “Autarcas das Terras do Antuã”, com especial menção ao anterior presidente do Município, José Eduardo de Matos, presente na sessão. Este é aliás um tema explorado no artigo “Os Eleitos da Câmara de Estarreja – referências nas atas 1860-1910”, assinado pela arquivista municipal, Norvinda Leita.
Diamantino Sabina partilhou com os presentes as lembranças familiares reavivadas nesta edição da “Terras de Antuã”, recordando os seus avós Manuel António Valente, fragateiro durante 40 anos, e Francisco Sabina, que trabalhava na Ria de Aveiro, na apanha do moliço e no transporte de produtos como o sal, comprovando que a revista acaba por promover o encontro de relações com o nosso passado.
Valorizada a arte de construção dos barcos da Ria de Aveiro
Esta edição de 2013 reúne 13 artigos, contando com a colaboração de 16 autores. A construção naval, atividade socioeconómica de elevada importância na história do concelho, ocupa grande parte desta revista de 215 páginas.
O artigo sobre o Mestre Henrique Lavoura (1930-2012), construtor naval de nomeada (de machada e enxó), da autoria de Ana Maria Lopes, faz uma descrição do processo de construção das embarcações típicas da Ria de Aveiro. A conceituada historiadora da região, que teve um grande contacto com o pardilhoense, mostrou-se satisfeita pela forte incidência sobre a temática da construção naval, salientando de igual forma a qualidade da revista, que tem contribuído para salvaguardar o património. O próximo artigo já está na forja e poderá retratar uma “embarcação histórica de há 2 ou 3 séculos, já extinta”, que está a renascer pelas mãos do Mestre António Esteves, no seu Estaleiro em Pardilhó.
A Câmara Municipal recolheu por doação do Mestre Lavoura e Família todo o seu espólio e nesta revista Juliana Cunha descreve as ferramentas, utensílios e os moldes de madeira usados na construção das embarcações. As memórias da construção naval são também reavivadas no artigo de Sérgio Paulo Silva, que reproduz entrevistas que realizou com Henrique Lavoura e Joaquim Raimundo. Este material fazia parte de um antigo projeto que o salreense “ressuscitou” para a Terras de Antuã. “Tive muito gosto em colaborar com a revista”, afirmou deixando a promessa de continuar a participar.
O artigo “Os Painéis dos Barcos Moliceiros”, de José Gurgo e Cirne, olha para outra não menos importante arte dos homens da Ria, expressada na pintura popular das embarcações.
Mais de 1700 páginas de memórias num ícone da cultura local
O vereador da Cultura, João Alegria, considera que a Revista é uma aposta ganha sendo um “instrumento positivo” pelas histórias e personalidades que foi revelando e pela “aventura muito interessante, muito partilhada, vivida e sentida”. Teve também a função de incentivar algumas iniciativas que foram concretizadas, dando como exemplo a restauração pela autarquia em 2009 da pedra de armas que representa o brasão de armas atribuído em 1784 ao Bispo de Cochim, a preservação da coleção do jornal centenário “O Concelho de Estarreja”, que culminará com a digitalização das suas edições, ou a inventariação do espólio de Henrique Lavoura.
Num momento de balanço marcado pelo fim de ciclo como diretor da Revista, Delfim Bismarck, referiu que “ao longo destas sete edições, foram impressas mais de 1.700 páginas sobre o concelho de Estarreja, as quais apresentam cerca de 900 imagens, ao longo de 88 artigos de ampla cronologia e grande diversidade, da autoria de cerca de 60 autores distintos, trazendo a público um grande número de informações, documentos e imagens, na sua maioria inéditos, mas de grande valor para a preservação da memória do concelho de Estarreja”.
Rosa Maria Rodrigues, da Câmara Municipal, assumirá a direção da publicação prometendo “o rigor da historicidade, a procura do património material e imaterial, a recolha das fontes iconográficas que forem necessárias para que esta revista que se tornou num ícone da cultura, continue a sê-lo sempre”.
Simbolicamente referindo-se ao número 8 da próxima edição, que representa a eternidade, lembrou que “a história está connosco e nas nossas mãos, não se perde e fica para a eternidade escrita nas páginas de uma revista”.
Após a sessão, foi inaugurada a exposição intitulada “(des)escrita”, da autoria de Alexandra de Pinho, na Casa Municipal da Cultura. A mostra reúne trabalhos com tecidos, linhas e tinta acrílica sobre tela e estará patente ao público até 31 de dezembro, com entradas livres.
A Revista Terras de Antuã está disponível para venda na Casa da Cultura e na Biblioteca Municipal pelo valor de 6 euros.
:: Galeria de imagens da sessão disponível no menu Multimédia [Link direto aqui]