Casa Museu Egas Moniz tem 45 anos e novos projetos
Novos desafios se colocam ao espaço museológico, nomeadamente a recuperação do antigo Estábulo do Marinheiro. O 45º aniversário da Casa-Museu de Avanca foi assinalado com o Serão no Marinheiro.
A Câmara Municipal de Estarreja assinalou a comemoração do 45º Aniversário da Abertura da Casa Museu Egas Moniz, no último sábado, com o Serão no Marinheiro. Novos desafios se colocam ao espaço museológico, nomeadamente a recuperação do antigo Estábulo do Marinheiro. O vereador da Cultura, João Alegria, foi o cicerone do evento, referindo a relevância da única Casa-Museu de um Prémio Nobel em Portugal.
Transformada em Casa-Museu Egas Moniz no dia 14 de julho de 1968, a Casa do Marinheiro, situada em Avanca, recebeu duas intervenções profundas nos últimos 5 anos, combatendo-se a forte degradação, tendo a sua reabertura em janeiro deste ano representado uma nova etapa na vida de tão histórico edifício.
A autarquia tem vindo a concretizar a sucessiva reabilitação de todo o espaço, intervindo na Casa-Museu e na Quinta do Marinheiro, agora enriquecida com os recuperados e agora visitáveis Moinhos de Meias, ligada ao Percurso BioRia do Rio Gonde, pedonal e ciclável.
A Casa-Museu abriu renovada em janeiro deste ano, após um grave problema de fungos no piso de madeira, que obrigou a obras urgentes de recuperação, orçadas em 155 mil euros, para evitar que se propagasse ao resto da casa e ao recheio. A Câmara Municipal avançou pela primeira vez com obras de conservação em 2008, num investimento de 200 mil euros.
Recuperar mais um espaço-memória
Atualmente está em estudo a recuperação do Estábulo do Marinheiro, com projeto da autoria da arquiteta Suzana Dias, da Divisão de Obras Municipais. O edifício era utilizado como estábulo de apoio à Quinta do Marinheiro, servindo igualmente a Sociedade de Produtos Lácteos, Lda., fundada em 1923 e percursora da Nestlé em Portugal.
O imóvel a recuperar está desta forma ligado ao lado mais empreendedor de Egas Moniz, principal sócio da Sociedade de Produtos Lácteos, Lda., que levou ao nascimento em Avanca da primeira fábrica portuguesa de leite em pó simples, que será o embrião do que é hoje a Nestlé Portugal.
A antiga vacaria serve atualmente de arrumos e estaleiro, pretendendo-se, com esta reabilitação, direcionar o espaço para eventos. Ampliando as valências da Casa-Museu, a futura Sala Polivalente irá receber exposições, mostras, palestras ou outros eventos, aberto também à comunidade empresarial e científica. A reabilitação consiste na limpeza geral do conjunto, na intervenção de conservação geral do edifício e na demolição de elementos dissonantes. Estima-se um custo de 147 mil euros para este projeto.
Em cima da mesa está ainda o Estudo Prévio de Reabilitação da Casa-Museu, da autoria dos arquitetos Ricardo e Nuno Matos, apresentado em janeiro último, combinando o passado com a contemporaneidade. Esse projeto global prevê a criação de um novo corpo paralelo à Casa Museu, substituindo a parte nova do edifício construído nos anos 60, de forma a valorizar a estética do projeto arquitetónico de Korrodi, do início do século XX.
As medidas da autarquia integram-se numa estratégia de intervenção para toda a Quinta do Marinheiro, onde a Casa Museu se insere, criando novos usos e dinamizando os espaços. Para além da reabilitação da Casa Museu, o projeto global incluiu também a limpeza do Lago, a melhoria de acessibilidades (Rua Padre Solha beneficiada), ou a requalificação paisagística da Quinta, suportando uma futura candidatura a fundos europeus.
1712 visitantes
Após a reabertura, em 26 de janeiro de 2013, a Casa-Museu recebeu 1712 visitantes, dos quais 743 se inserem no público escolar. Até ao mês de junho, o espaço de eleição do Prémio Nobel da Medicina, único em Portugal, recebeu uma média de 285 visitantes por mês.
Intimamente relacionado com Egas Moniz que, em 1949, recebeu aquele galardão na área da Medicina, o edifício foi construído em 1915 sobre os alicerces da modesta casa rural de família, com arquitetura de Ernesto Korrodi.
O espetáculo de sábado contou com a atuação do grupo “A Par D’ilhós Ensemble” e com a teatralização de descante pelo Grupo de Teatro Amador de Avanca, num desafio que recordou os cantadores populares Maria Barbuda e Marques Sardinha, dois momentos que deliciaram os presentes que lotaram a “Sala dos Vidros” da Casa Museu.