Jovens voluntários contra o fogo: Projeto muda a forma de “pensar e de agir em relação à floresta”
Soraia Tavares aprendeu a respeitar a natureza. Voluntária no projeto “Juntos pela floresta, todos contra o fogo no município de Estarreja 2012”, promovido pela Câmara Municipal de Estarreja, esta jovem estudante do ensino secundário afirma que a experiência está a mudar a sua “forma de pensar e de agir em relação à floresta”.
A iniciativa está no terreno desde 16 de julho e decorre até 14 de agosto, época mais suscetível à existência de fogos florestais. Com este projeto, a autarquia espera contribuir para a redução da área ardida e do número de ocorrências no concelho. Um total de 18 jovens (9 por quinzena distribuídos por equipas), com idades compreendidas entre os 16 e 25 anos, tem a importante missão de vigiar a floresta.
O vereador da Proteção Civil da Câmara Municipal de Estarreja, Diamantino Sabina, visitou na última semana as equipas de voluntários, reafirmando a importância que atribui à relação dos jovens com a natureza, envolvendo-os num projecto de cidadania ativa e de preservação do nosso rico património natural e da biodiversidade, essencial para o desenvolvimento sustentável de Estarreja.
Jovens lamentam a existência de tanto lixo nas florestas
Esta é a primeira vez que Soraia, de Salreu, participa no projeto “Juntos pela floresta” e apesar de cansativo está a gostar por ser uma experiência inovadora e divertida, afirmava já quase no final de um dia de 6 horas de trabalho, dedicado a percorrer as zonas florestais do sul do concelho. Nesta nova aventura, ficou desiludida com a quantidade de lixo e sobrantes que foi encontrando dia após dia. “A quantidade de lixo que há por aí… qualquer tipo de lixo, por toda a parte…”, lamenta acrescentando que as pessoas “deviam ter mais consideração pela floresta”.
Ao contrário da Soraia, Ana Valente já estava mentalmente preparada para a falta de civismo, uma vez que participa pelo terceiro ano no projeto. No trabalho de sensibilização da população que estes jovens voluntários também promovem associado a este projeto, “às vezes parece que as pessoas não acatam”, desabafa sentindo que as tentativas são “uma gota no oceano”. A sua equipa tem recolhido entre 3 a 4 sacos de lixo por dia. “Fazemos recolha de lixo nas bermas que pode originar incêndios”.
A existência de sobrantes mostra também o quanto o comportamento humano ainda está muito distante de ser correto. “As pessoas cortam a lenha, levam o que lhes interessa e deixam ficar as folhas”, ou seja deixam desperdícios que maior risco de incêndio representa para a floresta. Ana não entende estas atitudes irresponsáveis, pois considera que “as pessoas têm mais do que a noção do perigo”. Contudo, nem que seja “devagarinho”, a jovem de Avanca espera que esta triste realidade se altere. E por isso voltou a participar no projeto. “É uma experiência boa e uma maneira de ocupar o tempo, pelas pessoas que conhecemos, companheirismo e amizade e o trabalho não é muito duro”, enumera.
Para além da vigilância móvel ativa (bicicleta), estes jovens têm as funções de alertar as entidades competentes em caso de fogos florestais, realizar o inventário e caracterização da rede viária florestal, o inventário de pontos de água, e recolha de lixo em áreas florestais e a sensibilização da população.
Soraia Tavares considera que está envolvida numa “missão muito importante”. “Sinto que estou a contribuir e é bom”. Até agora com bons resultados. “Não houve nenhuma ocorrência e espero que continue assim”, diz esperançosa.