Cine Teatro: Oficinas de Teatro e Dança são um Sucesso

terça, 19 de julho 2011

“Já somos todos actores”


Durante a semana de 27 de Junho a 1 de Julho, o CTE recebeu uma Oficina de Teatro “Para Crianças Que Ainda Não Conseguem Chegar ao Puxador da Porta”. O nome diz tudo: esta oficina destinou-se aos mais pequeninos, dos 3 aos 5 anos, promovendo um primeiro contacto com a representação dramática.

Duas entidades concelhias com pré-escolar aderiam à iniciativa bem como, o David, o Diogo e o Guilherme, que acompanhados dos seus familiares estiveram presentes na qualidade de particulares. “Já somos todos actores” disse a Filipa, uma das crianças presentes, de 5 anos, quando lhe perguntaram se um dia gostava de ser actriz. E é verdade. Nesta Oficina de Teatro “Para Crianças Que Ainda Não Conseguem Chegar ao Puxador da Porta”, todos tiveram a oportunidade de experimentar o que é pisar um palco e interpretar uma história em frente a uma plateia.

Para Tânia, educadora de uma das instituições presentes, esta oficina mostra ser uma mais-valia para as cerca de 20 crianças da sua sala, já que durante o presente ano lectivo abordaram precisamente os contos e as histórias. “Fomos muito aos contos tradicionais para trabalharmos os valores e achamos que seria engraçado trabalhar também a expressão dramática”, explica Tânia, enquanto os seus alunos, com idades entre os 4 e os 6 anos, interpretavam a história do capuchinho vermelho através de fantoches

“Este projecto tem como objectivo dar a oportunidade às crianças de terem um espaço que privilegia o afecto, a experimentação, a criatividade, a partilha de conhecimentos e o trabalho em colectivo”. É desta forma que a actriz Bibi Gomes, responsável pela direcção artística e pedagógica, descreve a oficina da qual é mentora, com coordenação e produção do Teatro Extremo. Este primeiro contacto com as artes de palco, nomeadamente com teatro e a expressão dramática, que Bibi Gomes e o Teatro Extremo querem fazer chegar às crianças, concretiza-se numa oficina prática e experimental. As crianças começam por criar uma história em grupo e a partir daí trabalham outras vertentes do teatro tais como cenários, figurinos, sons, maquilhagem e iluminação.

Durante 5 dias e 10 sessões todos os participantes ouviram, criaram e interpretaram histórias, junto da monitora Paula Alexandra. O entusiasmo das crianças era notório, salientando o que disse Simão, também de 5 anos, que gostou principalmente do Capuchinho Vermelho “por estarmos mesmo a contar uma história”.

A auto-confiança, a libertação da criatividade e a vontade de descobrir mais sobre as várias artes, são algumas das valências que a actriz Bibi Gomes e todos os envolvidos neste projecto querem desenvolver nas crianças que participaram nestas oficinas de iniciação teatral.

Com quantas linhas se desenha um movimento?
Oficinas de movimento, dança e desenho NAS LINHAS DO CORPO


Durante a primeira semana de Julho, o CTE recebeu 23 crianças para participarem nas oficinas de movimento, dança e desenho Nas Linhas do Corpo. Entre sessões no auditório e no bar, estas crianças aprenderam as relações entre o desenho e os movimentos do corpo, sob orientação de Yola Pinto e Vera Lopes.

Movimento redondo e contínuo, movimento bicudo e cortado (stacatto), o desenho dos movimentos, o desenho das sensações, passar desenhos para movimentos e movimentos para desenhos… Estas frases destacaram-se ao longo dos 5 dias de oficinas Nas Linhas do Corpo, que decorreram no Cine-Teatro de Estarreja de 4 a 8 de Julho. A experimentação, o improviso, a criatividade, o conhecimento dos limites do próprio corpo e também a relação interpessoal foram algumas das valências que Yola Pinto, mentora do projecto, quis transmitir aos participantes.

Ao todo, somaram-se 23 crianças, dos 6 aos 10 anos, mais concretamente 22 alunos do Centro Paroquial de Avanca e o Duarte que aderiu a esta iniciativa na qualidade de particular. O facto de este ano terem estado a trabalhar o corpo humano foi uma das principais razões de participarem nestas oficinas, explica Esmeralda, professora do Centro Paroquial de Avanca, que acompanhou os seus alunos nestas 20 horas de oficinas. Certo é que, além das actividades propostas pelas monitoras Yola Pinto e Vera Lopes, estas oficinas serviram para que as crianças se relacionassem fora do espaço escolar. Tal como refere Esmeralda “está a ser muito interessante observarmos os seus comportamentos, porque afinal nós estamos com eles diariamente, ao longo de todo o ano, e mesmo assim apercebemo-nos agora de coisas novas que eles nos dão e que também dão entre si”.

Estas oficinas nascem da procura incessante de Yola Pinto pelas ligações entre o desenho e a dança. Mesmo estando perante um “universo sem fim”, Yola Pinto quer com estas oficinas “tentar criar analogias entre o desenho e o movimento e tentar quase alicerçar uma base de ligação como se elas fossem uma e a mesma coisa”.

Mas será isto fácil de transmitir às crianças? Yola mostra que sim. “Para nós até pode ser muito estranho porque na maioria das vezes não vemos uma ligação entre as duas disciplinas: eu até danço mas não desenho, até desenho mas não danço ou então não faço nenhuma das coisas bem. Mas para as crianças isso não é assim. Apesar de muitas vezes preferirem uma a outra, o desenho e o movimento são para elas coisas muito naturais, fazem ambas parte do fazer humano e do rol das brincadeiras diárias”.

Mesmo assim, estas oficinas trabalham maioritariamente no pensamento abstracto, o que requer uma “operação imensamente complexa”, acrescenta Yola. De qualquer forma a arquitecta e bailarina mentora deste projecto acredita que estas oficinas vão “transformar os nossos grupos em crianças mais atentas, observadoras e expressivas, sem dúvida.”