Banda Bingre: Tradição em Sede renovada
Obras foram apoiadas pela Câmara
Não há casa em Canelas que não tenha um elemento com uma ligação à centenária Banda Bingre Canelense. As palavras do novo presidente da direcção da Sociedade Recreativa e Musical, António Costeira, reflectem a importância desta colectividade no seio da freguesia. O presidente do Município, José Eduardo de Matos, e o vereador da Cultura, João Alegria, visitaram a sede agora renovada.
Construído há mais de 40 anos, o edifício necessitava com urgência de várias obras de recuperação e adaptação. As melhorias são descritas pelo presidente da colectividade. “Toda a sala de ensaio foi reestruturada porque estava a necessitar de melhoramentos quer a nível de pavimentos, quer a nível de paredes. O revestimento estava deteriorado e foi preciso remodelar toda a parte acústica”.
Foram realizadas pinturas interiores e exteriores, incluindo ao Salão Nobre, e reparado o telhado ”que já sofria algumas infiltrações”. A intervenção incluiu ainda a reparação do portão de entrada e obras de adaptação para ligação à rede pública de saneamento. Concluída a beneficiação, “sem dúvida temos condições melhores, a casa está mais airosa e está-se a tornar pequena”, em especial aos sábados durante todo o dia, quando as quase 7 dezenas de crianças invadem a sede da Banda para as aulas de música.
Banda e Escola de Música com dezenas de praticantes
Actualmente 67 crianças frequentam a sua Escola de Música e a Banda é constituída por 70 músicos dos 10 aos 76 anos. Esta dinâmica justifica o investimento recente na beneficiação do edifício – sede, localizado na Rua do Campo da Cruz, no centro da freguesia. As obras tiveram um custo global de cerca de 40 mil euros, comparticipadas pela Câmara Municipal de Estarreja, com um apoio de 19 mil euros, no âmbito do PACE – Programa de Apoio aos Agentes Culturais.
Para a realização destas obras foi determinante a “ajuda preciosa da Câmara Municipal de Estarreja”, salienta o dirigente, que saudou também o trabalho da anterior direcção, presidida por Alcides Sá Esteves, que dirigiu todo o processo. Agora o objectivo passa por manter a Escola de Música e a Banda activas. “Os tempos que correm não são muito favoráveis a grandes investimentos”, afirma António Costeira. A Banda apresentou a candidatura ao PACE para aquisição de novos instrumentos que são “bastante dispendiosos”.
Miguel Rodrigues, 30 anos, de Fermelã, ingressou há cerca de um ano na Banda Bingre. O percussionista destaca as “boas condições” da sede após a realização das obras. “O som na sala de ensaio é fantástico”, exclama. Por outro lado, também não falta apoio em termos humanos da parte da direcção e do Maestro Titular e Director Artístico, Nelson Aguiar. “O Maestro apoia-nos em tudo”, acrescenta. Por isso os músicos retribuem com trabalho.
Músico mais velho tem 60 anos de actividade na Banda
O percussionista Manuel Laudelino, com 76 anos de idade, continua a ser um dos músicos mais activos da Banda Bingre Canelense. Soma já 60 anos de actividade ininterrupta sendo “o elemento que menos falta aos ensaios da banda! É um exemplo para a classe jovem”, conta António Costeira.
O também percussionista Miguel Rodrigues sublinha a figura exemplar de Manuel Laudelino. Estar integrado na Banda é “maravilhoso”, em especial porque “aprendemos com os mais novos e com os mais velhos”, diz.
Fundada a 26 de Março de 1865, a Sociedade Recreativa e Musical Banda Bingre Canelense é a colectividade mais antiga do concelho de Estarreja.