EcoEstarreja, um novo conceito de Cidade

Câmara apresentou projectos de requalificação urbana

sexta, 28 de janeiro 2011

“Estamos a pensar Estarreja para 2020”, o mote foi lançado pelo Presidente da Câmara Municipal, José Eduardo de Matos, durante a apresentação pública de Projectos para a Cidade, que decorreu na Biblioteca Municipal. Este é um duplo desafio de intervenção urbana em estreita ligação com o ambiente, assente num modelo de sustentabilidade e num conceito global denominado EcoEstarreja.

A ideia âncora passa pela valorização de áreas de excelência urbana, como a frente ribeirinha, permitindo uma qualificação do espaço público, a melhoria da mobilidade urbana, da qualidade ambiental e da vida das populações. Estarreja quer ser um modelo de sustentabilidade, pela qualidade do espaço urbano (mobilidade), qualidade de vida, qualidade visual, inclusão e dinamização sociocultural.

Objectivo: Renovar e transformar a Cidade num espaço sustentável de referência, mantendo-a como área privilegiada de encontro e o centro das dinâmicas socioculturais e económicas do Município.

9 projectos financiados num investimento total de 1,345 milhões €

A autarquia tem para já duas frentes de intervenção. A primeira já iniciada e financiada pelos fundos europeus denomina-se "Qualificação do Espaço Público e do Ambiente Urbano da Cidade de Estarreja" – Parcerias para a Regeneração Urbana. Contempla 9 projectos para o centro da cidade e ampliação à zona ribeirinha, que deverão estar concluídos até 2012.

Esta operação é financiada pelo QREN, no âmbito do Mais Centro – Programa Operacional Regional do Centro. Representa um investimento global de 1.345.181,76 €, com uma comparticipação do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) de 1.074.706,40 €. Os projectos foram apresentados por Adolfo Vidal, Chefe de Gabinete do Presidente.

A criação da ponte pedonal sobre o Rio Antuã, com construção ainda este ano, é “um dos projectos mais marcantes seja pelo valor, que rondará os 500 mil euros, quer pelo simbolismo inerente”, salientou Adolfo Vidal, nomeadamente a ligação da Cidade a Salreu, ao projecto BioRia e ao leito nascente do Rio, permitindo estender o actual parque de lazer da Cidade à margem sul do rio, unindo à Vila de Salreu.

A remodelação da antiga Piscina Maria de Lurdes Breu vai absorver mais de 200 mil euros e resultará na criação de um espaço multiusos, para actividades desportivas e de lazer de cariz informal assim como para a realização de eventos.

O BioRia está presente nesta operação com a criação de um percurso biourbano, entre a Cidade e a zona nascente do Rio Antuã, até à Ilha dos Amores, uma zona natural muito procurada noutros tempos e que a Câmara quer agora reabilitar, melhorando e infraestruturando o acesso, requalificando-se uma zona abandonada.

A Praça Francisco Barbosa, a Avenida 25 de Abril e a Alameda do Parque do Antuã vão ter novos sistemas de iluminação eco-eficientes e por isso mais económicos. No Parque do Antuã a fonte principal de energia será a solar. Além de que serão implementados sistemas de gestão inteligente, que analisam a luminosidade.

Na Praça Francisco Barbosa, face ao estado actual com iluminação obsoleta, o coreto degradado, as casas-de-banho públicas inacessíveis a pessoas com dificuldades de mobilidade, o arquitecto Paulo Reis, da Divisão de Obras Municipais da autarquia, defende uma “imagem limpa e ampla”, valorizando a praça, ampliando os espaços verdes e eliminando elementos desnecessários e que tornam o espaço confuso. 

A transplantação de um conjunto de 8 árvores, da praça central, é uma acção que se enquadra neste programa de reordenamento urbano. O estado fitossanitário das árvores, que se encontravam em linha paralela aos Paços do Concelho e que não estavam a ter um desenvolvimento normal, apresentando um aspecto débil, contribuiu também para que fosse tomada a opção de as remover para outros espaços do centro da cidade.

Qualificar o troço da margem sul do Rio Antuã, entre a futura ponte do pedonal e o açude (junto à antiga Azenha), com contenção e arranjo da margem, é outra obra a implementar este ano.

A promoção do programa EcoEstarreja e o observatório, incentivando à participação cívica através da dinamização de seminários, concursos e acções de sensibilização são a parte imaterial desta operação global, e que a candidatura aos fundos europeus assim exige, numa lógica de abertura à comunidade e envolvendo a população neste processo, na medida em que os comportamentos individuais também devem sofrer mudanças.

No terreno esta operação começou com algumas acções que a autarquia foi realizando como a pedonalização da rua em frente aos Paços do Concelho ou a disponibilização de equipamento desportivo e promoção da utilização no Parque Municipal do Antuã, que irá ser reforçado.


Quarteirão Norte à Praça Francisco Barbosa: ganhar um novo espaço urbano

A Câmara Municipal prevê intervir numa segunda área, denominada “Eixo Avenida Visconde de Salreu com o Quarteirão Norte à Praça Francisco Barbosa”, ainda não financiada, e em estudo prévio. O arquitecto Paulo Reis, autor do estudo, defende uma “ideia global para a cidade e não soluções localizadas”. A estratégia passa por desenvolver “várias peças que farão o motor funcionar bem”, reabilitando zonas urbanas, ao mesmo tempo que se “recuperam espaços perdidos da cidade”.

É o caso do quarteirão norte à praça central, um espaço desaproveitado que a autarquia quer revitalizar. Neste miolo, entre as ruas Souto Alves, Alberto Vidal e da Restauração (cuja empreitada de alargamento já começou), localizado bem no centro da cidade, pretende-se abrir um novo arruamento, criando novas frentes de construção. O projecto prevê a criação de percursos pedonais e uma praceta para estacionamento automóvel – um dos pontos estruturantes, também de apoio ao comércio local.

Criam-se novas perspectivas de desenvolvimento numa área que se encontra desperdiçada. E a receptividade dos proprietários foi positiva, uma vez se valoriza não só o espaço público como a propriedade privada, alcançando-se o equilíbrio desejável entre o interesse privado e o público.

José Eduardo de Matos lamenta que tal entendimento ainda não tenha sido possível na zona lateral ao Cine-Teatro de Estarreja, onde a Câmara adquiriu um armazém paralelo a uma futura rua, que não se abriu face à falta de colaboração de proprietários.

Pensar a Avenida Visconde de Salreu

Este estudo urbanístico insere-se num projecto mais amplo que engloba a Avenida Visconde de Salreu, sendo que os princípios da mobilidade e acessibilidade vincam as ideias a desenvolver, numa imagem única que se quer implementar em todo o centro. Os peões terão um centro mais seguro e acessível, em harmonia com o necessário estacionamento automóvel, os espaços verdes e o mobiliário urbano, numa resposta o mais equilibrada possível.

Na principal avenida da cidade, foram propostas à discussão pública transformações no eixo central, mantendo a linha de árvores mas reduzindo essa área, e alargando os passeios, perspectivando-se uma plataforma única que vai enquadrar com a Praça Francisco Barbosa