Veiros: Desfile “A Alma de um Povo”

22 Agosto, domingo, 19h

sexta, 13 de agosto 2010

No 3º ano das celebrações dos 400 anos da construção da Igreja de S. Bartolomeu de Veiros, concelho de Estarreja, a organização promove o desfile “A Alma de um Povo” que irá caracterizar a união das gentes de Veiros para a reconstrução da Igreja aquando do incêndio ocorrido em 1855.

Este desfile decorrerá no dia 22 de Agosto, domingo, pelas 19 horas, envolvendo duas centenas de participantes, e retratará a igreja, o património, a cultura, a paisagem e a tradição, mostrando um pouco daquilo que o povo de Veiros fez para angariar fundos para a recuperação do templo.

Ao povo marinhão, humilde e pobre, restava-lhe o auxílio monetário de terras vizinhas. Sendo esta zona de terrenos arenosos, propícios ao cultivo de cebola e como Veiros é uma zona encostada à Ria de Aveiro, as pessoas da época resistiram mesmo em tempo de crise, juntaram-se e venderam as réstias de cebolas e as esteiras, para assim angariar os fundos necessários.

As réstias de cebolas eram transportadas nos mercantéis ria acima, para serem vendidas nas feiras mais concorridas de terras vizinhas, como a feira de S. Miguel em Setembro. As esteiras seguiam para a indústria do mobiliário com a finalidade de proteger os móveis, já que as esteiras são feitas com o bunho, que é uma erva de grande porte e de grande predominância em terras húmidas.

Este trabalho quase ancestral era ainda realizado nesta freguesia na primeira metade do século XX e servia de sustento às famílias mais pobres. As crianças davam também o seu contributo, porque faziam a bracinha de Junco. Ao fim da tarde era vê-las rua fora “bracinhando”, fazendo uma espécie de fio que depois as mães usavam na realização das esteiras.
 

O desfile irá revelar a alma de um povo, através da reprodução desses acontecimentos. Os participantes irão demonstrar todo o processo de enrestiar as cebolas, de as semear, transplantar e de as vender em cestos decorados a preceito. Irão também demonstrar como se fazem as esteiras, desde a apanha do junco e do baínho até ao produto final, com as características personagens que seguiam os trilhos a pé com os molhos de esteiras à cabeça até aos intermediários que as revendiam.

O desfile formar-se-á no cais da Ribeira de Veiros, porque era aqui o local de chegada e de partida, era um vai e vem de barcos carregados de bunho, com velas brancas da cor do linho, ria fora. Era o lugar onde aportavam os mercantéis, moliceiros e bateiras com os vários produtos. Depois seguirá pela Rua de Santo António até à Igreja de S. Bartolomeu.

Em frente à Igreja, os mais novos irão dançar ao som de uma canção antiga, com letra adaptada à ocasião e, no final, irá haver uma projecção audiovisual de todo o processo. Para os mais velhos será o recordar dos tempos de criança e para os mais novos este será um veículo transmissor de conhecimentos, que se perderam nos tempos e que agora brotam.

O evento constitui também um público reconhecimento à gente desta terra que não esmoreceu e reconstruiu o templo de S. Bartolomeu.

 

Domingo, 22 Agosto 2010 | 19h00

Desfile “A Alma de um Povo”
. a Igreja
. o Património
. a Cultura
. a Paisagem
. a Tradição

Ribeira de Veiros – Rua de Santo António – Largo da Igreja