Veiros: Desfile “A Alma de um Povo”
22 Agosto, domingo, 19h
No 3º ano das celebrações dos 400 anos da construção da Igreja de S. Bartolomeu de Veiros, concelho de Estarreja, a organização promove o desfile “A Alma de um Povo” que irá caracterizar a união das gentes de Veiros para a reconstrução da Igreja aquando do incêndio ocorrido em 1855.
Este desfile decorrerá no dia 22 de Agosto, domingo, pelas 19 horas, envolvendo duas centenas de participantes, e retratará a igreja, o património, a cultura, a paisagem e a tradição, mostrando um pouco daquilo que o povo de Veiros fez para angariar fundos para a recuperação do templo.
Ao povo marinhão, humilde e pobre, restava-lhe o auxílio monetário de terras vizinhas. Sendo esta zona de terrenos arenosos, propícios ao cultivo de cebola e como Veiros é uma zona encostada à Ria de Aveiro, as pessoas da época resistiram mesmo em tempo de crise, juntaram-se e venderam as réstias de cebolas e as esteiras, para assim angariar os fundos necessários.
As réstias de cebolas eram transportadas nos mercantéis ria acima, para serem vendidas nas feiras mais concorridas de terras vizinhas, como a feira de S. Miguel em Setembro. As esteiras seguiam para a indústria do mobiliário com a finalidade de proteger os móveis, já que as esteiras são feitas com o bunho, que é uma erva de grande porte e de grande predominância em terras húmidas.
Este trabalho quase ancestral era ainda realizado nesta freguesia na primeira metade do século XX e servia de sustento às famílias mais pobres. As crianças davam também o seu contributo, porque faziam a bracinha de Junco. Ao fim da tarde era vê-las rua fora “bracinhando”, fazendo uma espécie de fio que depois as mães usavam na realização das esteiras.
O desfile irá revelar a alma de um povo, através da reprodução desses acontecimentos. Os participantes irão demonstrar todo o processo de enrestiar as cebolas, de as semear, transplantar e de as vender em cestos decorados a preceito. Irão também demonstrar como se fazem as esteiras, desde a apanha do junco e do baínho até ao produto final, com as características personagens que seguiam os trilhos a pé com os molhos de esteiras à cabeça até aos intermediários que as revendiam.
O desfile formar-se-á no cais da Ribeira de Veiros, porque era aqui o local de chegada e de partida, era um vai e vem de barcos carregados de bunho, com velas brancas da cor do linho, ria fora. Era o lugar onde aportavam os mercantéis, moliceiros e bateiras com os vários produtos. Depois seguirá pela Rua de Santo António até à Igreja de S. Bartolomeu.
Em frente à Igreja, os mais novos irão dançar ao som de uma canção antiga, com letra adaptada à ocasião e, no final, irá haver uma projecção audiovisual de todo o processo. Para os mais velhos será o recordar dos tempos de criança e para os mais novos este será um veículo transmissor de conhecimentos, que se perderam nos tempos e que agora brotam.
O evento constitui também um público reconhecimento à gente desta terra que não esmoreceu e reconstruiu o templo de S. Bartolomeu.
Domingo, 22 Agosto 2010 | 19h00
Desfile “A Alma de um Povo”
. a Igreja
. o Património
. a Cultura
. a Paisagem
. a Tradição
Ribeira de Veiros – Rua de Santo António – Largo da Igreja