“Construir o Futuro Acessível” em debate na Casa Museu Egas Moniz
segunda, 02 de dezembro 2002
A Casa Museu Egas Moniz foi palco, na passada sexta-feira, do Colóquio “Construir o Futuro Acessível”, organizado pela delegação de Estarreja da Associação Portuguesa de Deficientes, com o apoio da Câmara Municipal.
Este colóquio contou com a participação de membros da Associação Portuguesa de Deficientes (APD), entre os quais o presidente Humberto Santos e o Presidente da Delegação Local de Estarreja da APD, Matos Almeida. A Câmara Municipal foi representada por Dr. Abílio Silveira, Vice-Presidente; Dr. José Cláudio Vital, Vereador da Acção Social e contou com a presença de Arquitectos e Desenhadores da autarquia. Estiveram também presentes o Presidente do Centro de Emprego de Aveiro, Manuel Marques, a Directora do Centro Regional de Segurança Social, Emilía Carvalho e o representante do Governo Civil, João Lousada.
Detectar as barreiras arquitectónicas que dificultam o acesso a deficientes foi um dos temas abordados por Abílio Silveira, falando sobre “Mobilidade dos cidadãos com deficiência em Estarreja”. O Vice-Presidente da Câmara realçou o facto de o próprio edifício dos Paços do Concelho não ter acesso ao 1º andar para pessoas com deficiência motora, situação que o actual executivo vai resolver com a implementação de um elevador.
Abílio Silveira salientou ainda o esforço que a autarquia está a fazer para melhorar as condições fisico-espaciais dos deficientes, dando como exemplo a nova Biblioteca Municipal e a Escola Visconde de Salreu, ambos adaptados com acessos para deficientes.
Outros dos palestrantes foi o Eng.º Franco Carretas, responsável do Gabinete de Barreiras Arquitectónicas e Transportes da APD, que não cingiu a sua intervenção apenas a Estarreja mas a todo o país, exemplificando como as pessoas constróem casas que mais tarde se vão tornar as suas próprias prisões. Estas casas têm escadas muito íngremes, não contemplam rampas, ou as que existem estão demasiado inclinadas, prédios de três andares sem elevadores, entre muitas outras situações.
Franco Carretas salienta que o que “importa não é se as obras são bonitas ou feias, mas sim se servem para todos, se são fáceis de utilizar”.
José Cláudio Vital, vereador da Acção Social da Câmara Municipal falou sobre “Estarreja Solidária” centrando a sua intervenção não só em relação a pessoas com deficiência mas a todos os desfavorecidos do concelho. Para tentar combater a exclusão social e dar apoio aos mais carenciados a autarquia vai lançar o Cartão-jovem Municipal e o Cartão Municipal do Idoso. Estas iniciativas aparecem na continuação da implementação de projectos sociais como é o caso do “Big Clube” no Bairro da Teixugueira e da Universidade da Terceira Idade a arrancar em Janeiro de 2003.
José Cláudio Vital salienta que o objectivo é “desenvolver actividades que promovam o fim das barreiras físicas, morais e culturais, fazendo deste lema o objectivo da intervenção social do município.
Matos Almeida, presidente da Direcção da delegação Local de Estarreja da APD, focou a sua intervenção na dificuldade que os deficientes, principalmente surdos, mudos e cegos, têm no acesso à informação. Apesar da Internet ser um mundo acessível a todos, estes encontram dificuldades quando se deparam com ficheiros de imagens, o que dificulta a análise de um texto ou a leitura de um jornal. Matos Almeida afirma também que a Comunicação Social tem um papel importante no apoio e na divulgação das dificuldades das minorias, inclusive dos deficientes, uma vez que têm uma grande influência na sociedade.
Em suma, toda a Sociedade tem que ter consciência de que tem um papel importante na minimização das dificuldades dos deficientes, pois o mal muitas vezes não acontece apenas ao nosso vizinho mas pode também bater à nossa porta.