Centro de Interpretação Ambiental do BioRia em Salreu: Novo ponto de acolhimento de visitantes
A Câmara Municipal de Estarreja inaugurou o Centro de Interpretação Ambiental do BioRia, um ponto de acolhimento dos visitantes do Percurso de Salreu e de formação ambiental, visando a sensibilização do público para a importância do património natural. Este é mais um passo de consolidação do BioRia e do objectivo de “Virar Estarreja para a Ria”, descobrir ou retomar o nosso olhar para a Ria, valorizar, revelar e conservar o património natural de Estarreja. Novos projectos estão em curso para que a população possa continuar a usufruir e a descobrir a Natureza em Estarreja.
A implementação do BioRia veio despertar a comunidade para a riqueza natural existente no Baixo Vouga Lagunar, ao mesmo tempo que provocou o retorno às origens e à história local, tão relacionada com a actividade na Ria de Aveiro, conforme destacou na sessão de inauguração o presidente da Câmara Municipal, José Eduardo de Matos. Orçado em 83 mil euros, o Centro passa a ser a sede física do BioRia e foi implementado com o apoio da Nestlé.
Para o autarca, este é “mais um sinal da nossa presença ao lado da Natureza” que esteve muitos anos esquecida. A mudança da imagem de Estarreja, tão ligada à memória da poluição, “foi uma conquista do concelho que conseguiu inverter o que era a sua realidade”, sublinhou. A ligação das grandes empresas do complexo químico à rede municipal de saneamento é mais um exemplo dessa efectiva mudança com implicações positivas na Ria de Aveiro. Direccionar energias para a descoberta da natureza e para o desenvolvimento sustentável já trouxe reconhecimento a Estarreja, nomeadamente o Prémio Intervenção Ambiental/Ambiente da Região de Turismo Rota da Luz e o troféu do 1º Concurso Europeu de Actuação Responsável.
Estarreja foi “pioneira no desenvolvimento de projectos como este”, que nasceu em 2002 de uma parceria com jovens licenciados da Universidade do Porto, lembrou José Eduardo de Matos. Em curso no concelho está a recuperação das Ribeiras, a Rede de Percursos da Natureza e, também, a ligação aos municípios do norte da Ria de Aveiro, Ovar e Murtosa. Em linha está o POLIS da Ria de Aveiro que vai promover um conjunto de acções em toda a área lagunar, num projecto de grande dimensão. Tem ganho força a interacção entre a Região de Aveiro – Comunidade Intermunicipal do Baixo Vouga e a Universidade de Aveiro.
Presente na sessão, o vice-reitor da Universidade de Aveiro, Manuel Assunção, deu a sua opinião sobre o projecto dizendo que é uma “aposta bem conseguida” que representa “a ponte com as nossas raízes e a nossa memória”, sendo “fundamental para a nossa própria identidade cultural”. Ao mesmo tempo, o BioRia traça um “caminho de relação com o futuro, de educação dos nossos jovens, de educação nos valores do ambiente, da sustentabilidade e do respeito pela natureza”.
O espaço inaugurado no sábado será disponibilizado aos escuteiros que utilizam frequentemente o Percurso de Salreu para as suas actividades. “Pretendemos manter esta colaboração. Em Maio vamos estar neste espaço para fazer o acolhimento dos visitantes”, referiu o porta-voz do Agrupamento de Escuteiros de Avanca, Paulo Silva. A presença destes jovens é intrínseca ao “cariz de associação vocacionada para a protecção e educação ambiental”. Este é um “um espaço onde nos sentimos em casa”, e por isso é um local de referência para as actividades de fim-de-semana do grupo, bem como para a formação ambiental e cívica dos mais novos.
O programa de inauguração incluiu visitas aquáticas guiadas no Esteiro de Salreu com Bicicletas Aquáticas e Canoas e visitas tradicionais focadas em Birdwatching. No final do dia, realizou-se um Mesa Redonda sobre “Projectos Emblemáticos para a Sustentabilidade da Ria de Aveiro”, na Biblioteca Municipal de Estarreja, que contou com a presença de Teresa Fidélis, Presidente da Administração Regional Hidrográfica do Centro, Pedro Machado, Presidente da nova Região de Turismo do Centro, José Carlos Mota, pelo Pró-Reitor da Universidade de Aveiro, e José Eduardo de Matos, Vice-Presidente da Região de Aveiro – Comunidade Intermunicipal do Baixo Vouga e Presidente da Câmara de Estarreja.
O Percurso de Salreu BioRia foi implementado em 2005. Desde então foram promovidas 200 visitas guiadas por monitores especializados e frequentadas por públicos distintos (universidades, escolas, centros de formação, associações) e de todas faixas etárias, adiantou Rui Brito, elemento da equipa técnica do BioRia. Esse balanço não inclui as visitas livres. O trilho de interpretação da Natureza tem definitivamente aproximado a população ao meio ambiental. Ao longo de 8,5 km, o Percurso de Salreu atravessa áreas designadas por sapal e paul, bem como terrenos de cultivo, essencialmente arrozais, de enorme beleza. É de natureza circular, tendo o seu início e término junto ao antigo porto de Salreu, na boca do Esteiro com o mesmo nome.
O trajecto pedonal e ciclável está munido de painéis informativos, sinalética, zonas de descanso e outras infraestruturas de apoio, como papeleiras. O trânsito automóvel é proibido.
Localizada no início do Percurso de Salreu, o Centro de Interpretação Ambiental, uma estrutura em madeira com cerca de 60m², constitui:
• Um espaço de explicação interactiva do Projecto BIORIA e dos seus percursos, para as visitas em grupo e o ponto de partida para todas as visitas organizadas;
• Um espaço que permitirá a realização de palestras temáticas e actividades diversas com as comunidades e associações locais.
• Um espaço de descanso para investigadores que, com cariz oficial, pretendam desenvolver trabalhos de investigação sobre o Projecto BIORIA e/ou sobre as espécies de fauna e flora existentes;
• Um local de abrigo para as bicicletas a utilizar por visitantes organizados, investigadores e monitores da autarquia afectados ao projecto.
O Centro é composto por:
1- Zona de recolha de bicicletas
2- Recepção
3- Zona de trabalho e residência temporária com sanitário
4- Instalação sanitária, aumentando o conforto dos visitantes, e acessíveis a indivíduos com mobilidade reduzida
5- Sala/auditório com capacidade para 21 lugares
O edifício é amovível sendo possível transladá-lo para outro local quando for necessário, sem impacto ambiental. A memória dos antigos palheiros característicos das zonas marinhoas da Ria de Aveiro foi reavivada nesta obra, identificando-se também o BioRia com a manutenção da identidade cultural de Estarreja. Estão naturalmente contemplados acessos para pessoas com mobilidade reduzida.
Investimento
O investimento total é de 83 mil euros (incluindo a empreitada, a aquisição do terreno e a instalação da Torre de Observação).
Mecenato
A NESTLÉ associou-se a este projecto ao apoiar a instalação do Centro de Interpretação Ambiental do BioRia, com um valor de 10 mil euros.