Câmara lança número 2 da Revista
"TERRAS DE ANTUÃ" revela riqueza da história local
Está disponível a segunda edição da Revista “Terras de Antuã – Histórias e Memórias do Concelho de Estarreja”. E são inúmeros os pontos de interesse dos 11 artigos seleccionados para a edição deste ano, ao longo de 278 páginas. A sessão de lançamento do número 2 decorreu no último sábado, nos Paços do Concelho, e assinalou o 489º aniversário da atribuição do Foral de Antuã.
Depois de salientar a importância simbólica dos 489 anos do Foral de Antuã, atribuído em 15 de Novembro de 1519, o presidente da Câmara Municipal, José Eduardo de Matos, disse que a Revista Terras de Antuã veio “suprir uma carência, a falta de um espaço onde publicar os estudos e investigações dos missionários da História”. Este projecto foi muito bem acolhido, esgotados que ficaram os mil exemplares do número 1.
“Temos uma grande riqueza histórica e temos um conjunto de pessoas que se dedicam à sua investigação e escrevem sobre a nossa História. O que fizemos foi juntar estas pontas”, afirmou o autarca.
De publicação anual, a revista é dirigida por Delfim Bismarck Ferreira (conservador da Casa – Museu Marieta Solheiro Madureira). A segunda edição volta a contar com a participação de “um leque de historiadores e investigadores que aqui dão à estampa alguns dos resultados dos seus mais recentes estudos”, numa edição que apresenta uma “temática diversificada e para todos os gostos”.
O artigo de abertura, da autoria de António Augusto Silva, é sobre a vida e obra de D. Frei José da Soledade, primeiro bispo da história do Município de Estarreja, natural de Salreu, e cuja capa da revista apresenta a sua imagem como Bispo de Cochim (Índia), num trabalho a óleo do século XVIII. Na sessão foi anunciada a recuperação em curso do brasão/pedra de armas do Bispo de Cochim, encontrado no depósito/lixeira do Fojo.
“Um dos mais artigos mais interessantes”, na opinião de Delfim Bismarck, reproduz a ocupação monárquica de Estarreja em 1919 quando a revolta liderada por Paiva Couceiro no norte do país restaura a monarquia em todos os concelhos até quase à linha do Vouga. A monarquia foi proclamada no centro de Estarreja no dia 24 de Janeiro. O artigo, do jovem estarrejense Marco Pereira, reúne um “excelente lote de fotografias desses acontecimentos e espelha bem uma página importante da História de Portugal que se passou em Estarreja”.
Esta edição alerta para a “importância dos livros paroquiais que possuem os registos de baptismos, casamentos e óbitos desde o século XVII”, no artigo sobre “Livros Paroquiais de Avanca – Uma fonte por explorar”, de Maria Palmira Gomes. Estes documentos permitem extrair um conjunto de informações “para um melhor conhecimento da evolução demográfica e uma análise profunda de que como evoluiu esta freguesia”.
Outro assunto com natural destaque é o percurso centenário da Banda Bingre Canelense, aqui compilada por Teresa Bagão, professora na Escola Secundária de Estarreja. “Pela música há 140 anos” é o título do artigo dedicado à colectividade mais antiga do concelho, que reúne ainda um enorme conjunto de fotografias com os fundadores e várias formações da banda.
Ao desfolhar as páginas desta histórica revista, o leitor pode descobrir o nome dos seus antepassados no artigo “O Concelho de Estarreja e os seus Emigrantes entre os anos de 1900 e 1905”. 2063 estarrejenses abandonaram Estarreja com destino a outras paragens, essencialmente para o Brasil. O artigo apresenta uma inventariação de todos os emigrantes do concelho, que então incluía também a Murtosa e o Bunheiro, com referência ao destino, idade, filiação, estado civil, escolaridade e profissão.
O item “Saudades” revela fotografias antigas do concelho. Delfim Bismarck destaca um “lote interessantíssimo do final do séc. XIX, provavelmente das imagens mais antigas de Estarreja que se conhece”.
A sessão reuniu dezenas de pessoas no Salão Nobre dos Paços do Concelho na tarde de sábado. O encontro já ficou marcado para os 490 anos da outorga do Foral de Antuã, com a edição do número 3, tendo mesmo José Eduardo de Matos referenciado duas outras efemérides e personalidades: Egas Moniz, pelos 60 anos do Prémio Nobel, e Padre Donaciano de Abreu Freire, nascido precisamente em 15 de Novembro.
DEFENDER O ESPÓLIO MUNICIPAL
A autarquia está empenhada na preservação e divulgação do acervo documental do Município. A salvaguarda de documentos do concelho de Estarreja da é uma prioritária preocupação da Câmara Municipal que através do Sector de Arquivo tem procurado sensibilizar para a conservação de documentos, para além de dar apoio técnico.
Com a contratação de uma arquivista, há dois anos, a Câmara Municipal deu o primeiro passo nesse sentido e na defesa da documentação municipal.
Por outro lado, as actuais instalações do Arquivo Municipal, na cave dos Paços do Concelho, foram ampliadas aquando da construção da Praça do Município, em 2005, e têm vindo a ser equipadas e melhoradas, procurando satisfazer as necessidades de espaço para organização e acomodação da documentação que há décadas aí ia sendo depositada.
A criação de um novo Arquivo Municipal foi trazida à conversa durante a sessão de lançamento da Revista Terras de Antuã.
O Presidente da Câmara Municipal partilha essa visão e evolução, mas antes de avançar para essa solução, há um trabalho de consciencialização que o autarca considera necessário, nomeadamente junto das instituições, colectividades e Juntas de Freguesia. Avanca é uma das Juntas que também está a dar os primeiros passos na inventariação e salvaguarda de documentação.
Outra questão colocada foi a “salvaguarda do espólio importantíssimo do jornal O Concelho de Estarreja”, tendo a Câmara Municipal já iniciado contactos com a Família proprietária que também defende a intenção de avançar para a conservação desse património.