Semana Internacional do Cérebro encerrou na Casa Museu Egas Moniz
<font color="#000000">O programa da Semana do Cérebro fechou com uma visita ao museu em Avanca e com uma palestra sobre a doença de Alzheimer, uma das áreas de investigação do Laboratório de Neurociências do Centro de Biologia Molecular da Universidade de Aveiro.</font>
Que outro local, que não a Casa-Museu de Egas Moniz, seria mais emblemático para encerrar as actividades da Semana Internacional do Cérebro na região de Aveiro?
O cientista Egas Moniz, distinguido com o Prémio Nobel da Medicina em 1949, desenvolveu a pesquisa da Angiografia Cerebral e da Leucotomia Pré-Frontal, cuja descoberta o tornou mundialmente conhecido. A Angiografia Cerebral forneceu aos neurologistas um auxiliar de investigação clínica, principalmente no estudo das neoplasias. A Leucotomia Pré-Frontal consistia em cortar a substância branca dos hemisférios cerebrais para fazer o tratamento de doenças mentais (como esquizofrenia, psicoses, etc.).
No sábado, o programa da Semana do Cérebro fechou com uma visita ao museu em Avanca e com uma palestra sobre a doença de Alzheimer, uma das áreas de investigação do Laboratório de Neurociências do Centro de Biologia Molecular da Universidade de Aveiro.
Na abertura da sessão, o presidente da Câmara Municipal de Estarreja sublinhou o acto de justiça para com Egas Moniz ao ser destacado nestas comemorações, uma vez que o seu contributo e percurso são incontornáveis e indissociáveis da história do cérebro. A figura do professor é uma referência não apenas nacional como mundial que merece o reconhecimento de investigadores, estudiosos e público em geral, bem como das entidades oficiais.
As investigadoras Sandra Rebelo e Ana Gabriela Henriques orientaram a palestra subordinada ao tema “Alzheimer, o Homem que Ninguém Esquece”. A Doença de Alzheimer (D.A.) caracteriza-se por uma perda neuronal e de volume cerebral e começa aos 20/30 anos antes dos sintomas serem aparentes. O diagnóstico conclusivo só é possível Post Mortem.
“Há uma intensa investigação na Universidade de Aveiro para perceber a base celular e molecular da D.A. e contribuir para a implementação de um diagnóstico precoce e terapêutica eficiente”, explicou Sandra Rebelo, constatando a existência de “terapêutica e fármacos ainda pouco eficazes que promovem algumas melhorias cognitivas dos doentes”.
Ana Gabriela Henriques deu a conhecer as linhas de investigação do Laboratório de Neurociências, nomeadamente estudos sobre a formação do peptídio Abeta no nosso cérebro cuja agregação cria as placas senis. Os investigadores procuram descobrir “em que locais da célula se produz o peptídio Abeta; os factores que afectam a produção do Abeta; e os factores que contribuem para a agregação e desagregação do Abeta”.
Ao nível de terapia está em período de testes uma vacina que leva à diminuição do Abeta no cérebro e em estudo está também um composto químico.
Em termos sociais Sandra Rebelo deixou o alerta para que se criem “lares com especialistas que cuidem destes doentes, locais onde as pessoas pudessem passar os seus últimos anos de vida e onde tivessem terapias que estimulassem as suas capacidades cognitivas que vão perdendo ao longo da doença e que assegurem cuidados contínuos que os familiares não conseguem garantir, nem têm conhecimentos para tal”. Actualmente não há uma resposta mas assiste-se ao aumento do “número de doentes que necessitam de cuidados especializados”.
Durante esta semana, a mensagem mais ouvida foi a necessidade de estimular o cérebro através do exercício físico, exercício mental (palavras cruzadas, sudoku, ler) e relaxamento. São ainda aconselháveis dietas ricas em antioxidantes e cuidados em relação aos níveis de colesterol.
Ana Gabriela Henriques agradeceu a colaboração da Câmara Municipal de Estarreja na organização Semana do Cérebro na região e fez um balanço positivo das actividades. “A sensibilização deve chegar a pequenos e adultos e fomos bem sucedidos pois conseguimos chegar a um bom número de pessoas”.
Uma das visitantes, Etelvina Bronze, professora da Escola Secundária considerou a iniciativa “extremamente positiva”. Por um lado, nas actividades desenvolvidas nas escolas, “os alunos tiveram contacto com pessoas credibilizadas, abriram portas para futuras carreiras como por exemplo a investigação e a biologia celular”. Quanto à palestra de sábado foi “muito acessível e aprendi muitas coisas”. A acção serviu ainda para “alertar as mentes em termos sociais. A sociedade deve pensar neste tipo de doenças”, previne a professora.
Esta foi a primeira vez que a Casa Museu integrou este roteiro. A Semana Internacional do Cérebro, que se comemora entre 8 e 16 de Março, foi celebrada também pela primeira vez no distrito de Aveiro com uma série de eventos, organizados pelo Centro de Biologia Celular da UA, Sociedade Portuguesa de Neurociências, Secção Autónoma de Ciências da Saúde da UA, Fábrica – Centro Ciência Viva de Aveiro e Câmara Municipal de Estarreja. O programa incluiu palestras, sessões nas escolas, acções de sensibilização para a população em geral, jornadas de portas abertas no Laboratório de Neurociências, debates e visitas à Casa Museu de Avanca.