Revista Terras de Antuã: Perpetuar o património cultural e a memória colectiva
No dia em que se comemoraram os 488 anos da outorga de Foral à vila de Antuã, por D. Manuel I em 15 de Novembro de 1519, a Câmara Municipal de Estarreja apresentou a Revista “Terras de Antuã – Histórias e Memórias do Concelho de Estarreja”.
A sessão decorreu na última noite, nos Paços do Concelho, e contou com a presença de colaboradores da publicação, entre historiadores e investigadores, e de protagonistas de muitas das histórias e memórias do concelho, como os moleiros retratados no artigo de Armando Carvalho Ferreira, “Moinhos e Moleiros do Concelho de Estarreja”.
De publicação anual, a Câmara Municipal lança “pela primeira vez uma revista com todo este conteúdo, numa sessão cheia de histórias. Esta obra vem colmatar uma falta que sentíamos que tínhamos”, disse o presidente do Município. “Há muito tempo nos faltava o descrever periódico do nosso passado. O lançamento desta nova revista significa o colmatar de um espaço que devíamos às nossas raízes, logo ao futuro”. A “Terras de Antuã” vem evidenciar o quanto “temos para mostrar, contar, escrever e histórias e memórias que importa revelar”, salientou José Eduardo de Matos.
Resultado de um ano e meio de trabalho, ao longo de 230 páginas, a revista compila uma dezena de artigos sobre a história do concelho. Amaro Neves, historiador, mestre em História de Arte e autor de diversos estudos sobre a região de Aveiro, assina o artigo “Em Salreu, a Casa do Santo ou a Casa do Ferraz”, imóvel que remonta a meados da primeira metade do século XVIII, mais precisamente à volta de 1730. Foi “com grande alegria” que o historiador recebeu o convite para participar na “Terras do Antuã”. “Este é um projecto que fazia falta no concelho. O concelho é muito rico em todos os aspectos da sua cultura. Tive muito gosto em participar. É importante que não se perca o património de Estarreja”.
Ao mesmo tempo que preserva a memória colectiva e explora as raízes do concelho, a iniciativa lança um desafio a outros historiadores e investigadores. “As descobertas ou narrações que aqui se fazem hão-de multiplicar os desafios para que mais se revelem ou debrucem sobre estas Terras, suas Histórias e Memórias. E há tantas para trazer à luz do dia. Convidam-se daqui outros tantos”, o repto deixado pelo presidente da Câmara.
“Terras de Antuã é uma publicação que em boa hora a Câmara Municipal de Estarreja decidiu acarinhar e levar à prática, após alguns anos de amadurecimento da ideia da sua concretização”, começa por dizer Delfim Bismarck, director da revista, no editorial que assina nesta primeira edição da “Terras de Antuã”.
O responsável destaca as diversas funções de uma publicação deste género como “veículo de divulgação e de discussão da memória colectiva; local onde aqueles que se dedicam ao estudo da história possam editar os seus estudos; incentivo para que mais e melhores trabalhos de investigação possam surgir; meio de angariação de uma base iconográfica, impedindo assim o desaparecimento definitivo de um sem número de documentos gráficos e fotográficos”.
O historiador considera que este exemplo “deveria ser seguido por todos os concelhos, apenas o facto de permitir aos estarrejenses e a todos aqueles que aqui vivem, trabalham ou daqui descendem, um melhor conhecimento do seu passado colectivo já seria motivo mais que válido para tal tarefa”.
O nome da revista representa uma “homenagem ao lugar que, em tempos remotos foi, paróquia visigótica, freguesia e vila medieval, sede de julgado e de concelho, e a principal povoação que por estas paragens existiu até meados do século XVI, mesmo apesar de hoje ser apenas pouco mais do que uma rua. Depois uma singela homenagem ao principal curso de água que atravessa o concelho e que terá sido, sem dúvida, factor relevante no povoamento das suas margens”.
Delfim Bismarck Ferreira é conservador da Casa – Museu Marieta Solheiro Madureira, em Estarreja, presidente do Instituto de Genealogia e Heráldica da Universidade Lusófona do Porto, director da Revista Lusófona de Genealogia e Heráldica, bem como de várias publicações de cariz científico e de investigação contando ainda com uma vasta publicação de estudos sobre a região de Aveiro.
A revista está disponível para venda ao público na Casa da Cultura e na Biblioteca Municipal, pelo valor unitário de 5 euros.