“A riqueza está cá, acaba por sobressair” Visitas ao Baixo Vouga revelam beleza natural
Durante estas férias, mais de 80 pessoas passaram pelo Percurso Natural de Salreu do BioRia nas visitas guiadas às quartas-feiras, no âmbito programa nacional "Biologia no Verão”, do Ciência Viva.
O entusiasmo dos visitantes deixa Rui Brito, coordenador do BioRia, satisfeito com a forma como está a decorrer a acção. “Têm vindo pessoas de todas as idades, crianças, estudantes, idosos; vêm em família, em grupo de amigos…”, descreve o biólogo, acrescentando que os visitantes são essencialmente do Norte e Centro do país.
A opinião dos visitantes
Fátima, 32 anos, enfermeira, inscreveu a família através do site do Ciência Viva (www.cienciaviva.pt) na internet e vieram de Condeixa para conhecer o Percurso de Salreu. “Foi fantástico, gostei muito”, disse após um circuito a pé de 8 quilómetros. A observação das espécies animais e vegetais é a principal atracção. “A diversidade é fabulosa. Não temos noção das espécies que existem aqui. Muitas vezes nem valorizamos a diversidade do nosso meio”, salientou sem deixar de dizer que espera regressar ao Baixo Vouga.
O filho, Eduardo, 11 anos, também adorou a experiência. “Gostei muito, é sempre bom estar no meio da natureza”, disse. Munido de binóculos, conseguiu observar algumas aves. “Vi garças vermelhas, milhafres e muitas outras coisas. Hoje conheci espécies novas. Achei bonito”.
A comunidade local também não ficou indiferente ao convite do BioRia. “As pessoas de cá que ainda não conheciam o percurso ficam surpreendidas”, conta Rui Brito.
Elisabete Camões, 58 anos, professora, deu por bem empregue a manhã de quarta-feira. “Tivemos a felicidade de encontrar muitas aves e os dois guias estiveram sempre extremamente preocupados em mostrar, explicar e chamar a atenção para todos os pormenores. Fazer o trajecto assim, com tempo para observar, é totalmente diferente”.
A estarrejense não tem dúvidas que a riqueza natural da zona “merece ser valorizada. Muitas vezes não nos apercebemos das espécies que aqui existem”. Por outro lado, considera que “a Câmara Municipal está de parabéns pelo apoio que tem dado ao desenvolvimento do projecto”, que aposta na defesa e protecção do ecossistema do Baixo Vouga Lagunar.
O filho, André, 27 anos, ficou surpreendido com tanta beleza. “É difícil de explicar o que isto é, no fundo é incrível!”, exclamou. Ainda deu tempo para “comermos amoras, estavam deliciosas”, disse. A manhã foi por isso “muito proveitosa. Aconselho a visitarem”, finaliza Elisabete.
“A riqueza está cá, acaba por sobressair”, comenta Rui Brito que, ao longo de três horas de percurso, chama a atenção para a “importância do ecossistema e da Ria de Aveiro como um todo” e para as espécies de aves, vegetação e insectos que ali habitam.
Nesta fase do ano assiste-se à “chegada de espécies que vêm cá hibernar, como a garça-real ou cinzenta, a garça branca e a garça boieira”. Por outro lado, as “aves migradoras, que passam por cá com destino ao sul, já começam a partir”. A cegonha e a garça vermelha são alguns exemplos de aves que se vão despedindo da região. O cenário também se vai alterando com as colheitas e a recolha do caniço.
Após o Ciência Viva, as visitas guiadas vão continuar nos moldes habituais com inscrições através do e-mail do projecto (bioria@cm-estarreja.pt). É um dos objectivos do BioRia continuar a estreitar ligações com as escolas. O projecto está receptivo a colaborar, nomeadamente através de aulas temáticas, visitas guiadas ou qualquer outro projecto escolar. Rui Brito dá como exemplo um projecto da área-escola elaborado por 4 estudantes do 12º ano, sobre 30 espécies da zona.