D. Carlos Ximenes Belo associou-se às comemorações do 70º aniversário da Associação Atlética de Avanca e à homenagem aos seus fundadores sob o lema “o desporto e a paz” na prossecução dos ideais de formação da juventude através do desporto. Após ter descerrado no centro da vila, no Cruzeiro a placa de Homenagem aos Fundadores da Atlética, o Prémio Nobel da Paz de 1996 foi recebido pelo presidente da Câmara Municipal, José Eduardo de Matos, na casa do Nobel da Medicina.

O Bispo timorense manifestou a sua “surpresa pela diversidade de obras de arte e colecções” da Casa Museu Egas Moniz, “uma casa extraordinária e uma mais-valia para o concelho de Estarreja e para Avanca”, disse não deixando de agradecer a hospitalidade e amizade com que foi recebido nesta primeira visita ao município.

“O encontro de prémios Nobel” é para o presidente da Câmara motivo de alegria. José Eduardo de Matos mencionou “as dificuldades que Egas Moniz teve para se afirmar no mundo científico”. Realçou também “as dificuldades do povo timorense” manifestando a sua “profunda admiração por si, pelo povo timorense e pela afirmação da liberdade. Fizeram da liberdade a sua bandeira”.

O local não podia ser mais nobre, “invocando também uma figura nossa do tamanho da humanidade” que foi sócio da Atlética, referiu o dirigente do clube, Aleixo Patinha. A missão do Avanca representa “um contributo de muito valor para os nossos jovens” preparando-os, fazendo com que cresçam “em corpo e mente sãos, incutindo-lhes a humildade e espírito de sacrifício que Egas Moniz visionou na máxima que colocou na entrada do lado direito desta casa: “A instrução e o trabalho são a alavanca com que se revolve o Mundo”.  

No Parque Desportivo da Atlética, com a forte presença de outras colectividades da freguesia e da comunidade, D. Ximenes Belo descerrou uma placa que assinala as comemorações dos 70 anos da Atlética. Entre várias lembranças ofertadas pelas colectividades, recebeu uma oferta muito especial do Cine-Clube de Avanca, o filme de animação “Timor Loro Sae”, de Vítor Lopes, que aborda a história do povo timorense sendo uma obra sobre a guerra e o sofrimento.

O bispo timorense presidiu à celebração das celebrações religiosas. Durante a eucaristia agradeceu a solidariedade para com o povo timorense lembrando que “lutámos para ter a liberdade. O Homem nunca foi tão sensível à liberdade como nos tempos de hoje e mais vale sofrer a pobreza e a miséria do que faltar a liberdade”.

As palavras de D. Ximenes Belo foram ainda dirigidas aos fundadores da Atlética que “puseram em benefício da sociedade de Avanca os seus dotes, a sua vocação para o desenvolvimento do desporto, a vocação para servir a colectividade e a comunidade”, lembrando que o desporto acessível a todos não é uma realidade nos países de terceiro mundo. No decorrer da celebração eucarística, o Padre José Henriques, pároco de Avanca, informou que o resultado do ofertório da missa será destinado à Igreja de Timor.     

A Atlética prestou ainda homenagem aos seus mais antigos atletas. Mário Pinho, Cândido Vieira, Osvaldo Pinho e Júlio Teixeira foram jogadores de futebol na década de 40 ao serviço da Atlética. Desses tempos só têm boas recordações. O mais velho dos quatro, Mário Pinho, hoje com 83 anos, que jogava na posição de médio direito acrescentou “não ganhávamos um tostão!”.