Jornadas BioRia: Seminário realça aposta na sustentabilidade de zonas naturais
No seminário sobre a sustentabilidade das zonas húmidas, o economista Daniel Bessa, presidente da direcção da Escola da Gestão do Porto, sublinhou que as zonas ambientais devem ser preservadas e ganharem sustentabilidade apresentando o exemplo de Salzburg onde a “sustentabilidade é transformada em valor económico até ao fim. A imagem de qualidade e sustentabilidade é preservada a todo o custo”, disse.
A Dow mostrou que é possível conseguir o desenvolvimento sustentável e a gestão empresarial. O presidente do Conselho de Administração da Dow Portugal, Washington Dantas, sublinhou que a empresa, norteada por princípios de responsabilidade social e inovação, é uma “aliada da comunidade e podemos viver pacificamente”. O responsável deu a conhecer os compromissos da empresa em temos de sustentabilidade com objectivos a concretizar até 2015, como a redução do consumo de energia e emissão de gases de efeito estufa. E salientou o projecto de despoluição ERASE, no qual a empresa participou apesar da “responsabilidade zero” no passivo ambiental.
Conservação da natureza não significa fechar uma área ao desenvolvimento e a qualquer actividade humana. Esta foi a principal mensagem deixada por José Pedro Tavares, da Royal Society for the Protection of Birds, dando exemplos de casos europeus onde a gestão de zonas naturais cria emprego e gera receitas resultantes do ecoturismo que pode ser uma fonte de riqueza para as economias locais. Conclusão: a conservação da natureza é compatível com a actividade humana. “E pode ser que também aqui, no futuro, o BioRia crie postos de trabalho em Estarreja”, pressagiou José Pedro Tavares.
O BioRia, projecto de valorização ambiental da zona lagunar, “é uma referência e um exemplo a seguir por muitos concelhos não só da Ria como do país”, disse António Martins, técnico da CCDRC – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, que elogiou o “empenho que a autarquia tem tido nestas matérias de impacto ambiental e conservação da natureza”. O biólogo apresentou as linhas de apoio propostas no Plano Operacional Regional do Centro para 2007-2013, no âmbito dos fundos comunitários QREN, referindo que haverá financiamento específico para um conjunto de projectos no domínio da protecção e valorização ambiental.
Entre 6 dezenas de participantes no seminário estava Artur Rosa Pires, que já foi vice-presidente da CCDRC e Secretário de Estado do Ambiente. O professor universitário de Aveiro evidenciou a qualidade do BioRia apelidando-o de notável. O projecto “conjuga riqueza e recursos naturais, com conhecimento científico e com valorização económica e vivencial”. Esta é a aposta para o futuro e “Estarreja está a dar os passos certos”, afirmou. Por outro lado, subscreve as preocupações manifestadas pelo presidente do município relativas à ausência de uma entidade gestora da zona lagunar. “Começa a ser tarde. Espero que o QREN traga os recursos que precisamos”, comentou.
As Jornadas BioRia decorreram no final da 6ª Semana do Ambiente de Estarreja que procura sensibilizar a população para os problemas ambientais e para a protecção do ambiente.