Voluntariado Jovem para as Florestas termina hoje em Estarreja

"ALGUÉM TEM QUE OLHAR PELA NOSSA FLORESTA"

quinta, 31 de agosto 2006

O programa de voluntariado jovem de vigilância florestal “Juntos pela Floresta, todos contra o fogo no concelho de Estarreja” termina com um balanço muito positivo. Durante um mês e meio, 38 jovens, na sua maioria estudantes, asseguraram a vigia da área florestal nas sete freguesias do concelho de Estarreja. A Câmara Municipal promoveu a acção através do programa Jovens Voluntários para as Florestas, do Instituto Português da Juventude. Os jovens trocaram a praia e o descanso das férias por quilómetros de percursos pela mancha florestal, montados numa bicicleta todo-o-terreno. “O espírito de serviço aos outros e à Natureza esteve presente nestes valorosos rapazes e raparigas que foram capazes de trocar 15 (nalguns casos 30) dias de férias por uma missão muito importante: ajudar na preservação da natureza, ao nível do seu “pulmão”, contribuindo para uma vida, presente e futura, mais saudável”, salienta o Vereador da Protecção Civil da Câmara Municipal, Alexandre da Fonseca. Diariamente, os vigilantes pedalaram para prevenir e detectar incêndios. “Alguém tem que olhar pela floresta”, diz convicta a voluntária Ivete Pereira, 24 anos, de Avanca, desempregada. O Vereador não tem dúvidas que “a mancha florestal do concelho de Estarreja esteve mais protegida durante este mês e meio, em que os nossos jovens se disponibilizaram para promover a vigilância da nossa área florestal, nomeadamente nas imediações de zonas industriais e de zonas habitacionais de diversas freguesias”. A presença dos jovens acabou por ser dissuasora e um importante apoio às autoridades de protecção civil. Os vários alertas dados aos Bombeiros Voluntários de Estarreja evitaram incêndios no concelho. O autarca considera que “a sua presença no terreno contribuiu, de certo, para uma maior consciencialização das populações no que respeita à utilização do fogo”. Por outro lado, “também terá contribuído para dissuadir algum pirómano das suas (malévolas) intenções. Mas, e isto não será menos importante, proporcionou aos próprios uma cultura de defesa da natureza que, certamente, irão transmitir a familiares e a amigos e, por isso mesmo, terá um efeito multiplicador”. Fernando Guiomar, 19 anos, de Beduído, conta que, durante a quinzena em que foi voluntário, o seu grupo registou “duas situações de alerta no mesmo sítio, à mesa hora, em dias diferentes. O início de incêndio foi logo controlado pelos Bombeiros”. Terminados os quinze dias, o estudante universitário de Engenharia Electrónica e Telecomunicações avalia que a “experiência é positiva e o trabalho interessante”. Carlos Pires, 18 anos, de Beduído, teve a seu cargo a vigilância da zona industrial. “Ocupar as férias, conhecer a freguesia e novos colegas” são vantagens que o levaram a repetir a experiência na segunda quinzena. Estudante do 12º ano, Carlos diz que “este ano não houve incêndios e creio que contribuímos para isso. Demos dois alertas de início de incêndio na zona industrial”. Rosa Nordeste, 20 anos, de Beduído, acredita que “a nossa presença serviu para dissuadir algumas pessoas suspeitas. Mesmo em período crítico, as pessoas fazem queimas e existe muito lixo na mata. Eu não estava à espera de encontrar esta realidade”, lamenta a estudante universitária na área das Novas Tecnologias da Comunicação. Apesar disso, “é uma boa experiência que me permitiu conhecer melhor a freguesia”. A sensibilização das populações para os perigos e procedimentos correctos para um maior respeito e protecção da natureza foi outra das tarefas dos voluntários. André Paiva, 22 anos, de Veiros, estudante universitário da área de Química, viveu uma experiência interessante que permitiu conhecer a sua terra mas lamenta alguns actos irresponsáveis, nomeadamente as “queimas a qualquer hora do dia, mesmo nos períodos de mais calor”, lamenta. Actos ilegais que originam uma atitude permanente de elucidação junto da população. “As pessoas reagiram bem às nossas chamadas de atenção. Têm consciência que é perigoso, mas há um sentimento de desculpabilização, dizem que estão por perto e vão arriscando”, constata André Paiva. A deposição de lixo nos pinhais é outro cenário infeliz que afecta a floresta. “Hoje, vemos com outros olhos a floresta onde existe muito lixo, nomeadamente lixo reciclável como o vidro e o plástico que as pessoas poderiam colocar no ecoponto”. Um sentimento partilhado por Fernando Guiomar. “As pessoas depositam lixo doméstico nos pinhais quando é tão fácil deixar o lixo nos contentores. Encontrámos vários depósitos de lixo e revolta esta falta de civismo”. Ana Patrícia Mendes, 19 anos, de Beduído, é da opinião que “as pessoas não têm respeito pela floresta. Nesta altura crítica, vimos muitas queimas. E há uma falta de cuidado enorme em relação ao lixo”. Estudante à espera de entrar no ensino superior, Ana dedicou tempo e energias em prol da comunidade. “A nossa vigilância foi importante apesar de ser um trabalho cansativo”. Os jovens contribuíram ainda para a inventariação de caminhos florestais, acessos e áreas ardidas. André Paiva destaca a importância desta função na medida em que “fizemos o levantamento das infraestruturas e caminhos que não estão assinalados na cartografia”. Ana Patrícia Mendes salienta a existência de “caminhos obstruídos por onde os bombeiros não conseguiriam passar se houvesse incêndio”. Esta foi a primeira vez que o projecto teve lugar na área do Concelho de Estarreja. “O balanço a fazer é francamente positivo”, avalia Alexandre Fonseca que espera repetir a experiência no próximo ano, sendo um contributo “não apenas para preservar um bem que a todos pertence, a floresta, mas para a consciencialização das gerações futuras e para a defesa e melhoria das condições de vida no planeta”. O Vereador espera que os mais velhos “aprendam com mais esta lição de civismo, que escasseia, por vezes, entre os menos jovens”. A voluntária Ana Patrícia Mendes deixa a mensagem. “A juventude também é responsabilidade que, contudo, deve partir de toda a gente. Se todos dessem o seu contributo, este mundo seria muito melhor”. No dia 4 de Setembro, segunda feira, às 15h30, no Auditório da Biblioteca Municipal, a Câmara assinala o encerramento do programa com a entrega de certificados de participação e um lanche convívio.