ERASE DESPERTA INTERESSE DE ESPECIALISTAS INGLESES
quinta, 23 de março 2006
Cientistas ingleses estiveram em Estarreja para conhecer o projecto ERASE, de requalificação dos solos do Complexo Químico. A delegação visitou a Estrutura de Confinamento (EC) onde foram depositadas 300 mil toneladas de resíduos industriais perigosos.
À primeira vista, a EC não passa de um enorme monte verde com uma área de cinco hectares e oito metros de altura. Na realidade, significa o fim de décadas de poluição. A solução reduziu significativamente a contaminação e drenagem das cargas poluentes para as águas subterrâneas por lixiviação dos resíduos acumulados o que aconteceu ao longo de cerca de 50 anos de actividade industrial. O grau de minimização da infiltração de lixiviados é superior a 99.9 %.
A construção da Estrutura de Confinamento teve início em 2003. Os lixos, que estavam depositados a céu aberto, foram removidos e confinados na EC. O aterro armazena resíduos de pirites com arsénio e chumbo, lamas contendo mercúrio e outros resíduos diversos (pirite da antiga Quimigal, dos resíduos da Cires e das lamas de mercúrio da ex-Uniteca).
Bastante interessado pelo projecto, Peter Leggo, investigador da Universidade de Cambridge, referiu que a solução aplicada em Estarreja é um bom exemplo de remediação dos solos contaminados.
Aos olhos do Presidente do Município, José Eduardo de Matos, a visita comprova “a importância nacional e internacional deste projecto que suscita o interesse de técnicos pela sua qualidade e mais valia”. A deposição dos solos contaminados do complexo químico em aterro é uma “solução efectiva para um problema real que se estendeu por 50 anos”, disse.
A vinda dos cientistas decorreu no âmbito do seminário sobre a problemática dos solos contaminados que teve lugar esta quarta feira na Universidade de Aveiro.
ERASE quer reunir com o Instituto de Resíduos
O Agrupamento ERASE vai solicitar ao Instituto de Resíduos uma reunião para reavaliação do projecto de descontaminação que numa segunda fase previa a intervenção nas valas, propondo uma plano de acções e de meios de financiamento, adiantou o Presidente da Câmara Municipal de Estarreja, José Eduardo de Matos, na qualidade de Presidente do Conselho de Administração do Agrupamento onde se fazem representar o Município e as empresas Cires e Quimigal.
Sobre a segunda fase do ERASE, respeitante às valas envolventes ao complexo químico, e uma vez que “as análises iniciais datam de 1994, é necessário reavaliar a questão e saber quais os caminhos que podemos seguir”, disse o autarca.
Efectuada a vistoria técnica de licenciamento, a EC aguarda “a vistoria final do POA – Programa Operacional do Ambiente que financiou a obra com uma comparticipação de 75%”, explicou o presidente do município. Cumpridas estas obrigações, terá início a monitorização da EC que terá um prazo de 30 anos.