CULTURA DO ARROZ: INCENTIVOS À BOA PRÁTICA AGRÍCOLA

quinta, 22 de abril 2004

Os agricultores estarrejenses que ainda se dedicam ao cultivo do arroz podem beneficiar de incentivos financeiros ao abrigo da Medida Agro Ambiental dedicada ao Arrozal. Estarreja é um dos nove Concelhos da Beira Litoral que podem aceder a estes apoios. A DRABL – Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral apresentou as normas de aplicação da intervenção numa sessão de esclarecimento realizada no edifício da Câmara Municipal de Estarreja e dirigida a 14 agricultores que ainda produzem arroz, maioritariamente, nos campos de Salreu. Magalhães Crespo deu a conhecer o âmbito da medida de conservação das zonas húmidas e respectivas envolventes agrícolas. Os valores das ajudas, por hectare e por ano, são de 350 euros, até 5 ha, e de 280 euros, de 5 a 10 ha, o que se traduz “numa boa ajuda para manter a zona dos arrozais por isso batalhámos por esta medida importante”, afirmou Magalhães Crespo, representante da DRABL, durante a sessão. Na opinião do responsável, “a verdadeira gestão ambiental faz-se desta forma, incentivando os agricultores a cumprir certas práticas ambientais que recebem uma compensação por esse serviço que estão a prestar à comunidade. Não é pela repressão que se consegue uma agricultura sustentada”, defende. Os incentivos viabilizam a agricultura nestas zonas húmidas e os agricultores podem manter a produção de arroz, ao mesmo tempo que preservam e promovem o Ambiente. Magalhães Crespo lembra que “são os agricultores que gerem o espaço. O Baixo Vouga Lagunar seria um matagal fechado se não fosse gerido pelos agricultores que desenvolvem a sua actividade económica. E o arroz é essencial. Para que a fauna exista, é preciso haver esta flora”, alerta. Por isso, é necessário contrariar a realidade actual. “O arroz tem vindo a desaparecer em Salreu. A cultura é muito sensível e arriscada. É um trabalho com uma dose de risco muito elevada”. A medida apresentada será uma compensação para que os agricultores não abandonem a actividade e obedeçam a normas agrícolas e ambientais. Uma das regras obriga à utilização de herbicidas sem efeito residual, o que evitará a poluição das águas subterrâneas e não existe o perigo da existência de resíduos no arroz. As candidaturas são apresentadas ao IFADAPE/ INGA (Instituto Financeiro de Apoio ao Desenvolvimento Agrícola e Pescas/ Instituto Nacional de Garantia Agrícola) e terão um período de atribuição de ajuda de 5 anos. “O agricultor inscreve-se este ano e assume o compromisso por 5 anos”, explica Magalhães Crespo. Condições de Acesso e Compromissos dos Beneficiários: Os beneficiários devem ser titulares de uma unidade de produção com, pelo menos, uma área mínima de 0,50 ha de arrozal explorado de uma forma tradicional e incluindo a respectiva área abrangente e comprometam-se, durante o período de atribuição da ajuda, a: 1. Manter o arrozal em produção e em condições normais de alagamento; 2. Manter um nível de fertilização azotada não superior a 100 Kg de azoto por hectare e utilizar apenas adubos de libertação lenta de azoto; 3. Não efectuar tratamentos fitossanitários por avião; 4. Utilizar apenas herbicidas sem efeitos residuais; 5. Manter os canteiros inundados no período compreendido entre os meses de Abril e Agosto; 6. Manter a gestão do nível freático e das condições de alagamento, valas de rega e drenagem; 7. Adequar datas, práticas e técnicas agrícolas tendo em conta o ciclo anual das espécies animais dependentes da zona húmida específica; 8. Conservar ou criar, em áreas com mais de 5 ha, vegetação ripícola, caniço ou tábua, dentro dos canteiros, numa área fixa não inferior a 5% da área de arrozal em produção, durante os 5 anos; 9. Não queimar restolho nem incorporá-lo antes de Abril, excepto quando se proceda ao controlo mecânico das infestantes; 10. Não proceder a obras de redimensionamento dos canteiros ou alterações do traçado e estrutura das valas.