ENTERRAR UM PASSIVO AMBIENTAL DE MEIO SÉCULO

sexta, 14 de novembro 2003

O problema de contaminação dos solos de Estarreja é o primeiro a ser resolvido entre quatro grandes passivos ambientais existentes em Portugal. “Só nesta intervenção faz-se mais do que se fez nos últimos 10 anos”, afirmou o Secretário de Estado do Ambiente, José Eduardo Martins, esta manhã em Estarreja no arranque das obras da Estrutura de Confinamento para os Resíduos Industriais e Solos Contaminados do Complexo Químico de Estarreja (CQE) prevista no projecto ERASE que prevê a despoluição dos solos da zona industrial estarrejense. “10 anos depois de discussões estéreis, em Julho de 2004 a obra estará concluída. O nosso esforço valeu a pena”, disse satisfeito o Secretário de Estado durante a Sessão Solene que decorreu no Salão Nobre dos Paços do Concelho. O membro do Governo sublinhou ainda que a solução encarada é a mais adequada para o tratamento dos Resíduos Sólidos Perigosos (RSP’s). Por outro lado, “este passivo não podia continuar a contaminar os lençóis freáticos de água. Não viemos cobrar nada a Estarreja, viemos trazer a solução”, disse José Eduardo Martins. As cerca de 300 toneladas de resíduos depositados sobre o solo, a céu aberto e resultantes de 50 anos de actividade da indústria química pesada, vão ser removidas e depositadas na unidade de confinamento, devidamente impermeabilizada. Após a selagem da unidade, a área intervencionada irá sofrer uma recuperação paisagística estando garantida a monitorização ambiental da estrutura durante um período de cinco anos. “O confinamento dos resíduos será feita de forma controlada e segura”, disse o presidente da Câmara Municipal de Estarreja, José Eduardo Matos, para quem Estarreja viveu “um dia histórico e simbólico”. O autarca referiu que “foi hoje possível concretizarmos um momento de viragem no ambiente deste concelho. Pela primeira vez, em 50 anos de Complexo Químico, a notoriedade ambiental negativa de Estarreja recebe um forte sinal contrário. Vamos eliminar o passivo de meio século. Este é um exemplo a nível nacional, é um degrau na Europa”. O investimento global do projecto é de 6,9 milhões de euros. O financiamento comunitário através do Programa Operacional do Ambiente é de 3,8 milhões de euros. Parte do investimento é suportado pelas empresas (CIRES, ADP e QUIMIGAL) que constituem o Agrupamento Complementar de Empresas do ERASE, do qual também faz parte a Câmara Municipal de Estarreja.