Numa simples frase, um dos alunos explica o motivo que o levou a regressar à sala de aula. “Aprender até morrer”, diz. Após o período de férias, a turma de maiores de 50 anos iniciou a segunda fase do primeiro ano lectivo do curso de “Estudos Gerais” na Universidade da Experiência, em Estarreja. No primeiro dia de aulas marcado pela boa disposição da turma, o professor Costa Carvalho orientou o módulo “A Comunicação nos nossos dias”. Duas vezes por semana, os 17 estudantes seniores pegam nos livros e nos cadernos para “aprender novas situações que a nossa vida não permitiu ou então reavivar o que aprendemos quando andámos a estudar”, resume Vítor Oliveira, de 62 anos, inspector tributário aposentado. Estudar foi uma possibilidade sempre adiada ao longo de 40 anos. “Sempre quis estudar”. Agora, surgiu a oportunidade que Vítor Oliveira classifica como uma “experiência agradável”. A aluna mais velha da classe, Ludovina Silva, 76 anos, partilha da mesma opinião. “Gostei sempre de aprender cada vez mais. Está a ser uma boa experiência”. Nestas aulas, junta-se o útil ao agradável. Vulgarmente apelidadas de Universidades da Terceira Idade ou Universidades Seniores, os “Estudos Gerais”, desenvolvidos pela FEDRAVE, Fundação para o Estudo e Desenvolvimento da Região de Aveiro, são formas de enriquecimento dos conhecimentos para a população aposentada ou desocupada profissionalmente, com idade superior a 50 anos. “Temos necessidade de ocupar o tempo. Esta é uma forma produtiva e formativa”, acrescenta o estudante António Santos. O plano curricular do curso inclui disciplinas como Sociologia, Psicofisiologia, Teoria e Análise de Valores, Património Histórico Local, Voluntariado, Questões de Direito, Saúde e Geriatria e Trabalho de Investigação. O curso tem uma duração de dois anos e decorre na Junta de Freguesia de Beduído. As aulas são dadas por monitores diplomados seleccionados pela FEDRAVE. O projecto é comparticipado pela Câmara Municipal de Estarreja em 3500 euros. Os alunos pagam uma propina mensal de 35 euros.