Avanca ganha um novo mural dedicado a Egas Moniz

O sonho de criar um mural na sua terra há muito acompanhava o artista formado em Cinema de Animação, que mais tarde, enveredou pela arte da pintura, que já o levou a animar muitas paredes do concelho de Estarreja e tantos outros.

Confrontado e desafiado por imensas pessoas para criar uma obra na sua terra natal, batalhou para criar as condições necessárias. Com pincéis, rolos, aerógrafo, pistola de pintura, nasceu assim o mural inspirado em Egas Moniz.

Na intervenção do pintor e artista plástico avancanense pode ler-se uma frase que tão bem caracteriza Egas Moniz, “A instrução e o trabalho formam a alavanca com que se revolve o mundo”. João Paulo Dias espera que a sua obra neste espaço de ensino inspire e incite os alunos a saber mais sobre esta figura emblemática da terra. “Este mural acarreta uma mensagem poderosa e dá aos alunos a possibilidade de aprender mais sobre a história da sua terra desde tenra idade.” Conta ainda que já foram muitos os estudantes que questionaram os professores quem era a figura pintada na parede da escola.

Antes da obra nascer, houve longos meses de pesquisa de temas e do contexto. João Paulo Dias nota que “antes de qualquer pintura, analiso bem qual a funcionalidade do espaço, sendo ele particular ou público. Tento sempre que a personalização do mesmo, não sature ao fim de algum tempo.” 

Em 2016, as ruas de Estarreja transformaram-se num museu com a primeira edição do ESTAU. Este festival, que se repetiu em 2017 e 2018, e a 4.ª Edição vai realizar-se em 2020, passando bienal, colocou a Arte Urbana a falar com a cidade, com as pessoas, com o património e com a natureza, através de murais, instalações, workshops, filmes, palestras, visitas guiadas, música e muito mais.

Nas palavras de João Paulo Dias, “o ESTAU, uma iniciativa com visibilidade nacional e internacional, trata e respeita a arte urbana por tu.” Mas na sua perspetiva, a “troca de experiências com artistas de vários pontos do mundo, a valorização de espaços abandonados e não só, a criação de ambientes nunca antes pensados, é sem dúvida o que realmente o caracteriza. É um evento único e saudável para a nossa mente.”

Para Isabel Simões Pinto, vereadora da Cultura, “o Festival ESTAU – Estarreja Arte Urbana é o corolário de um processo cultural e criativo que deu voz a diversas expressões artísticas e, em particular, à Arte Urbana, reabilitando e dando nova vida a alguns espaços públicos da Cidade e do Concelho.”

A autarca lembra que deste trabalho surgiu o “Museu a Céu Aberto”, sendo, também, uma forma de democratizar a cultura, tornando este tipo de expressão artística acessível a todos. “Quando tudo isto iniciou, já em 2015, com um intervenção de Bordallo II para a 2.ª edição da ObservaRia, o Município tinha claramente definidos objetivos para o Festival, que veio a ser o ESTAU, nomeadamente: envolver a comunidade em todo o processo, sensibilizando-a para novas expressões artísticas; valorizar o nosso património cultural e natural, estimulando o sentimento de pertença e o orgulho dos estarrejenses, provocando as pessoas a usufruírem do espaço público; envolver e capacitar os agentes culturais e criativos locais, exibindo também os seus trabalhos; posicionar Estarreja na Rota Internacional da Arte Urbana, atraindo novos públicos e turistas ao território.”

“Felizmente, o caminho traçado tem vindo a ser consolidado ano após ano, particularmente quando percebemos que a comunidade, as instituições, as empresas e os artistas locais se apropriam desta estratégia municipal e dão continuidade à aposta nesta nova linguagem em diálogo com as referências, as memórias e as tradições locais, potenciando o sentido de pertença e de comunidade”, realça Isabel Simões Pinto.

É o caso do concurso de desenho “A Sustentabilidade e a Indústria” que a Bondalti lançou em janeiro, com o objetivo de sensibilizar as escolas, associações e outras organizações locais para os temas da sustentabilidade, convidando-as a ilustrar parte da paisagem industrial. Este projeto contou com a participação de diversas instituições do concelho, desde os Agrupamentos de Escolas, a CERCIESTA, IPSS, entre outras, envolvendo mais de 110 crianças e adultos que se juntaram para pintar os seus desenhos originais no muro à entrada da empresa. Para além dos desenhos selecionados para os murais, cujos autores tiveram ainda oportunidade de frequentar um pequeno atelier de formação com um artista local, José Oliveira, todos os trabalhos estiveram expostos no cineteatro de Estarreja, envolvendo, assim, toda a comunidade estarrejense.
 
Hoje o “museu a céu aberto” conta com mais de três dezenas de obras criadas de inúmeros artistas nacionais e internacionais de diferentes disciplinas artísticas e continua a ganhar vida e a contar as histórias do território.