Cidade de Estarreja: Trânsito proibido a pesados de mercadorias na EN109

quinta, 20 de outubro 2011

Há um ano eram introduzidas as portagens nas auto-estradas SCUT, invertendo todo o planeamento anterior e sem a existência de alternativas nacionais capazes e sustentáveis em termos urbanos e ambientais, para receber o tráfego que sai da A17, da A25 e da A29, com consequências negativas a vários níveis, nomeadamente em termos de qualidade de vida e de riscos para a segurança dos Cidadãos.

No concelho de Estarreja, desde a introdução de portagens na A29, os residentes e utentes são confrontados diariamente com o trânsito intenso na EN109, agravado com os veículos pesados, para além dos problemas de segurança nas intersecções de vias urbanas e a ausência de passeios nesta via que, sublinhe-se, atravessa 5 centros cívicos: Cidade de Estarreja, Avanca, Salreu, Canelas e Fermelã.

Encontra-se ainda em elaboração de projecto nas Estradas de Portugal, a protocolada construção da Circular à cidade, assegurando uma alternativa não urbana e um novo traçado da EN.

Na altura, a Câmara Municipal de Estarreja alertou, através de painéis informativos, que o trânsito a pesados seria passível de ser condicionado na via municipal, não tomando então qualquer decisão, antes iniciando a observação atenta dos impactos.

E a avaliação durante este período significativo de um ano demonstrou:

• O aumento exponencial do trânsito pesado. Os dados oficiais confirmam esta evidência. O estudo “A EN109 como via alternativa às antigas SCUT na região de Aveiro: avaliação do impacto na qualidade do ar na cidade de Aveiro”, realizado pela Universidade de Aveiro, revelou que o tráfego na região subiu 300% na EN109. Também um relatório do Instituto de Infra-estruturas Rodoviárias aponta para uma quebra total diária de 47% nas auto-estradas que integram a antiga concessão SCUT da Costa de Prata, registando um desvio diário de 18.564 viaturas dessas vias.

• O desgaste rápido provocado por este tipo de tráfego no pavimento da via municipalizada da EN109, obrigando inclusive a autarquia, por exemplo, a antecipar a intervenção na Rua Prof. Dr. Manuel Andrade, na entrada sul da cidade, ou nas tampas das redes de água e saneamento, com o permanente incómodo para os moradores e com despesas acrescidas para os cofres municipais.

• Que os níveis de poluição do ar aumentaram por via do incremento deste tipo de tráfego. O já referido estudo da Universidade de Aveiro demonstrou que a poluição aumentou 60%, uma realidade que coloca em causa a saúde das populações, em especial as de risco que sofrem de problemas respiratórios crónicos, e que vivem nas imediações da EN109. A coordenadora do estudo admitia em declarações o JN (22 Setembro 2011) que os níveis de poluição são “suficientemente preocupantes para merecer um estudo geograficamente mais abrangente” e confessou que “mudaria de casa se vivesse nas imediações da EN109”. Relembre-se que os poluentes associados ao tráfego automóvel são também  precursores do ozono.

• Que a segurança de peões é diariamente posta em causa, pois a via tem, no centro da cidade, um troço ainda sem passeios, cuja construção tem sido adiada… para permitir largura para os pesados transitarem.

• Que a poluição sonora associada à circulação de veículos pesados incomoda seriamente todos os cidadão que moram junto à estrada.


Donde, um ano depois, não resta outra alternativa à Câmara Municipal de Estarreja que não seja a proibição do tráfego a pesados no troço municipalizado da (ex) EN109, na travessia da cidade, sensivelmente entre a Rotunda do Hospital e a Rotunda de acesso ao Eco-Parque.

Foram colocados painéis informativos desta proibição em locais que permitem aos veículos pesados de mercadorias encontrar alternativas nacionais para a circulação (A29, A1, IC2). Ficam de fora deste condicionamento de tráfego os veículos pesados das empresas com sede no Concelho e as situações de cargas e descargas.