D-eficiente.net nasceu para combater a exclusão social e a discriminação e debater os problemas da deficiência. O sítio na internet, acessível a todos, foi criado por um jovem estarrejense. Pedro Monteiro, 24 anos, com paralisia cerebral desde os cinco meses de idade, é estudante do curso de Novas Tecnologias da Comunicação na Universidade de Aveiro. Quando se apercebeu da ausência de páginas sobre a temática em Portugal, Pedro decidiu abrir uma nova janela para que pessoas com deficiência disponham de um fórum de discussão e de uma lista de locais de lazer com acessos condignos para os deficientes. Para além dos obstáculos arquitectónicos, Pedro não tem dúvidas que a grande mudança deve subsistir na mentalidade das pessoas, um impedimento enorme à verdadeira integração dos deficientes, como é fácil de exemplificar na secção do fórum destinada à exclusão social, onde é referido o caso de uma criança autista que foi expulsa de um restaurante. O jovem, que reside em Estarreja, tem o sonho de viver numa sociedade que respeite a diferença e onde situações lamentáveis como esta deixem de acontecer. :: Quais os objectivos da página? Pedro Monteiro - O objectivo deste site é combater a exclusão social, contribuindo para que as pessoas participem de forma activa debatendo os problemas sobre a deficiência. Por outro lado, quero que as pessoas com mobilidade reduzida tenham uma visão positiva da vida, e para isso criei um sitio onde podemos visualizar alguns locais públicos com acessibilidade. Estes espaços não são espaços institucionais, mas sim espaços de lazer, nomeadamente, bares, discotecas, restaurantes, jardins, entre outros. Por outro lado, queremos fazer encontros em todo o país. Assim tentarei combater a exclusão social. :: O que te levou a criar este site? A ideia de criar um espaço de partilha de informação e de conversa surgiu numa procura de um site com essa informação, mas como, em Portugal, não existia um site que incluísse um fórum de discussão sobre a deficiência, tive a iniciativa de criar um. :: Que informações podemos encontrar? A informação a meu ver mais importante é a partilha de experiências que podemos encontrar no fórum. Futuramente poderemos encontrar eventos e notícias relacionados com a deficiência. :: O “mapa” das áreas sem barreiras, que agora disponibilizas, é das ferramentas mais úteis para os deficientes? O “mapa”, ainda em experimentação, é um espaço onde podemos pesquisar sítios acessíveis, não querendo dar a conhecer instituições públicas, mas sim, locais de lazer e de convivência. :: Nos dias de hoje, uma pessoa com mobilidade reduzida ainda encontra diversos obstáculos à circulação nos espaços públicos… Sim, quase todas as cidades e vilas têm sempre obstáculos para quem se desloca em cadeiras de rodas. Estarreja, uma cidade acessível, está a melhorar os seus acessos, por isso os meus parabéns. Mas agora, devem sensibilizar os comerciantes para que coloquem rampas amovíveis nos seus estabelecimentos… :: A mentalidade das pessoas é o maior dos obstáculos a ultrapassar? Sim, de facto o maior obstáculo é a mentalidade das pessoas, mas estas não têm culpa pois é devido à educação… Mas por outro lado, as pessoas não estão sensíveis à deficiência. Ainda há pessoas com deficiência que ficam em casa e não saem à rua. Há poucas pessoas com deficiência a saírem de casa, a serem vistos na rua, é raro. Obviamente, as pessoas têm que comentar aquilo que não estão habituadas a verem. Por isso queria dizer às pessoas com deficiência ou aos pais com filhos deficientes para saírem com os seus filhos e para não terem vergonha. É natural e não é nenhum castigo de Deus. São coisas que acontecem, por isso vivam a vida!!! :: Qual o teu maior sonho? O meu maior sonho é viver numa sociedade que respeite a diferença. Em que possamos sair para levantar dinheiro sem pedir ajuda a um desconhecido. Em que possamos ir à rua beber um café sem precisar de pedir ajuda para levantar a cadeira para poder subir para um estabelecimento. Em que não aconteça situações como ficar na rua a beber café por falta de acessos. É sair de casa e ver pessoas em cadeiras de rodas a fazer a sua vida normalmente, trabalhar normalmente, sair à noite e assim contribuir para desenvolver o seu país. É poder ver a verdadeira igualdade de oportunidades. Mas pronto… é apenas um sonho…