COMPOSTAGEM ESCOLAR: CRIANÇAS VÃO TRANSFORMAR RESTOS EM ADUBO

terça, 23 de novembro 2004

Os alunos do 1º ciclo vão preparar uma receita muito especial. A partir de Dezembro, as crianças vão alimentar microorganismos para que trabalhem na decomposição de resíduos orgânicos. Trata-se do projecto “Compostagem Escolar”, lançado pelo Sector de Ambiente da Câmara Municipal de Estarreja. Em Novembro, realizou-se a primeira acção de formação sobre compostagem destinada aos professores. A ideia é recuperar matéria orgânica que teria como destino o caixote do lixo e que de outra forma não seria aproveitada. Os ingredientes para esta receita são restos de comida (arroz, massa, cereais, cascas de ovos, pão, chá, borras de café), restos de vegetais, relva fresca, cabelos e pêlos de animais, que constituem os denominados “verdes” que em conjunto com os “castanhos” – folhas secas, palha, feno, aparas de madeira, tiras de jornal, relva seca, plantas mortas, caruma e guardanapos de papel – serão transformados em composto, um adubo de grande qualidade e barato. Os microorganismos que reciclam as substâncias orgânicas precisam de igual quantidade de “verdes” e “castanhos” para decompor melhor. É necessário acrescentar ar e água. Junta-se tudo isto e logo surgirá o composto. A compostagem é a decomposição aeróbia controlada de substratos orgânicos em condições que permitem atingir temperaturas elevadas, até aos 60ºC, destruindo microorganismos patogénicos. Para se controlar o processo, a decomposição será feita, numa caixa. A Câmara irá distribuir os compostores pelas escolas. O projecto pretende transmitir à população escolar e respectivos agregados familiares, as vantagens associadas à reciclagem de resíduos orgânicos através da compostagem. Esta é uma forma de incentivar a separação na origem de todas as componentes recicláveis (papel, cartão, plástico e metal), acrescentando-se mais uma fracção dos resíduos urbanos, a orgânica. Como complemento, pretende-se promover a utilização do composto produzido, na criação de jardins, finalizando, assim, o ciclo de reciclagem da matéria orgânica. Prevê-se que em Março o resultado final esteja pronto a ser utilizado. O composto é vantajoso em relação aos produtos químicos e pesticidas que estão na origem de problemas ambientais. Os benefícios do seu uso são, entre outros, os seguintes: faz com que as plantas cresçam vigorosas e mais rapidamente; equilibra o pH do solo; agrega as partículas do solo, tornando-o mais resistente à acção do vento e da chuva; retém a água, diminuindo os efeitos da seca. Após a produção do composto, as crianças terão outro desafio pela frente: aplicá-lo e manter uma pequena horta ou jardim. O Sector de Ambiente prestará todo o apoio técnico e acompanhamento necessário durante o ano lectivo. Oito escolas aderiram ao projecto (Agro, Canelas, Laceiras, Mato, Paço, Pinheiro, Roxico e Terra do Monte). Aquela que, no final do ano lectivo, apresentar o melhor projecto (quer a nível de compostagem quer ao nível da aplicação do composto) receberá um prémio, um computador. A opinião dos professores Aos olhos de Ludgero Beja, da Escola do Mato, Avanca, “estas iniciativas têm a maior importância” tendo como objectivo final “a sensibilização dos alunos, professores e toda a comunidade escolar para os problemas ambientais e para as soluções naturais possíveis” bem como para o “aproveitamento racional dos resíduos urbanos”. A sensibilização ambiental no 1º Ciclo é aplaudida pela professora Isabel Almeida, da Escola do Paço. “É por aqui que se deve iniciar”. Só criando “competências e desenvolve-las nos miúdos, é possível influenciar a sua forma de estar na sociedade”. A docente acredita que as crianças vão demonstrar “imensa curiosidade” pelo projecto. “Elas envolvem-se muito e reagem bem” a acções do género.